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Animais deficientes ganham o amor de pessoas especiais

11 de outubro de 2019
6 min. de leitura
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Divulgação

No Dia da Pessoa com Deficiência Física, 11 de outubro, nada mais justo que lembrar também dos animais que, devido a deficiências genéticas ou adquiridas, costumam passar a vida toda em abrigos – isso quando conseguem ser acolhidos por algum. Como um vaso quebrado, infelizmente, muitas pessoas colocam na rua animais que adquirem algum problema físico devido à doença, idade avançada ou acidente.

Mas existe uma legião de pessoas muitos especiais que procuram adotar justamente esses animais. Algumas dessas pessoas fazem disso até mesmo uma missão. Alice, uma gatinha cega, por exemplo, caiu nas graças da fitoterapeuta e naturopata Anna Amélia Sabbatini, do Rio de Janeiro, que se encantou por ela desde o primeiro momento que a viu. Depois Anna adotou Bete Balanço, uma gatinha vítima de maus-tratos que teve de amputar as duas perninhas.

Bete e Alice têm vidas praticamente normais | Arquivo pessoal

Anna conta que adotar gatinhos especiais sempre foi algo natural para ela. Sabendo que são os mais rejeitados, ela resolveu abraçar a missão de ajudar alguns deles e tem sido assim por toda sua vida. Além disso, ela também oferece lar temporário para outros gatinhos enquanto aguardam adoção: “Alice, cega de nascimento, veio como temporária, mas acabei ficando com ela”, conta.

Mas Anna ressalta que Alice é totalmente independente: “Treinei andando com ela entre as minhas pernas. Ela sabe onde está a comida e a caixa de areia. Atende pelo nome e chora quando aviso que vou sair. Está comigo desde os três meses e tem pouco mais de dois anos”.

Bete perdeu as duas pernas mas corre e brinca | Divulgação

A gatinha Bete Balanço, de dois anos de idade, foi vítima de maus-tratos por um homem que treinava pit bulls para rinhas, mas mesmo sem as patinhas traseiras, ela corre, pula nos móveis, brinca e tem uma vida praticamente normal. Alice e Bete são exemplos de animais que superam as piores dificuldades e traumas com a ajuda de pessoas livres de preconceito e com um dom especial para dar qualidade de vida a bichinhos com diversas limitações físicas.

O quinteto Gatto

Simone, que não por acaso tem como sobrenome Gatto, de São Paulo, adotou cinco animais deficientes. Paçoca, Amora, Denise e Banguela são paraplégicos. Thor teve uma má formação na face: nasceu com um olho, uma narina e lábios leporinos.

Thor, Denise, Paçoca e Banguela recebem tratamentos alternativos para suas deficiências | Arquivo pessoal

Ela conta que todos os paraplégicos foram resgatados de maus-tratos. O famoso Paçoca, com apenas dois meses de idade, foi abandonado em um hospital público por ter ficado paraplégico devido a um atropelamento. Banguela foi espancado. Amora caiu de um telhado e Denise também foi atropelada.

“Já fazem cinco anos desde que vi minha vida mudar radicalmente, mas para melhor. Foi quando resolvi assumir um compromisso com meu primeiro gato paraplégico, o Paçoca. Percebi que esse universo dos animais deficientes é muito pouco divulgado e vários veterinários indicam a eutanásia em casos com grandes chances de recuperação se o tutor pudesse ser orientado”, comenta.

Banguela é paraplégico e convive bem com suas limitações | Foto: Adhemir Fheliz

Simone foi então atrás de veterinários que eram contra sacrificar animais deficientes: “Aprendi tudo que era possível para tornar a vida desses seres especiais maravilhosa. Ganhei tratamentos como fisioterapia, ozonioterapia, acupuntura, quiropraxia, florais e curas espirituais. Há muitos caminhos para ajudar esses bichinhos”.

A protetora resolveu compartilhar os procedimentos caseiros que aprendeu na prática por meio do grupo “Dicas para animais deficientes” no Facebook. O grupo reúne dicas e também apresenta relatos de adotantes que aprenderam a lidar com seus próprios bichinhos deficientes. Aliás, segundo Simone, o objetivo do grupo é justamente esse: mostrar que é bem mais fácil do que se imagina cuidar de um gato que não anda ou tem outras limitações físicas.

Thor podia ter sido eutanasiado, mas ganhou uma segunda chance | Arquivo pessoal

“Vi que muitos animais com infecções de bexiga ou atrofiados morriam, não por falta de amor dos tutores, mas por desconhecimento de como tratar o bichinho. Ensino passo a passo como estimular intestino, tirar urina e fezes, exercícios, alimentação, roupas para segurar fraldas e muitas outras dicas. A simples mudança de hábitos tem tornado maravilhosa a vida desses gatos com necessidades especiais e seus tutores”.

Grupos ajudam animais especiais a encontrarem um lar

O grupo do Facebook “A nossa vida com os nossos filhos patudos cegos” é um espaço para tutores de cães e gatos cegos trocarem experiências, além de funcionar como um espaço para adoção. No momento, por exemplo, a situação do cão Tobias está sendo divulgada no grupo. Idoso e cego devido à idade, ele foi abandonado na beira de um rio para que morresse afogado. Foi resgatado e colocado para adoção.

Tobias, idoso e cego, foi abandonado Na beira de um rio | Arquivo pessoal

Outro grupo do Facebook também visa a adoção de animais especiais . A ideia do grupo surgiu a partir do cão de nome Sargento: “Nossa inspiração e necessidade se deu através do Sargento, nosso cãozinho-modelo, que resgatamos em estado deplorável, ainda era tetraplégico, sem um dos olhos, cheio de buracos e feridas, no corpinho e na alma”, diz a descrição do grupo.

Sargento recebeu todos os cuidados veterinários, ganhou uma cadeirinha para poder se movimentar e vive num lar temporário junto com outros 80 animais. “Sabemos que assim como ele, existem muitos outros na mesma situação que merecem uma família. Sabemos também que que existem pessoas especiais que buscam justamente esse tipo de animal, portanto, nossa página tem por objetivo divulgar animais resgatados que tem algum problema motor ou visual e que buscam adoção”, explica a página.

Sargento é garoto-propaganda de grupo de SP que busca lar para animais deficientes | Arquivo pessoal

*Fátima ChuEcco é jornalista ambientalista e atuante na causa animal

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