EnglishEspañolPortuguês

Monte Everest se transforma em uma enorme pilha de lixo

9 de agosto de 2018
3 min. de leitura
A-
A+

Fotos publicadas recentemente revelaram o real impacto do turismo no monte Everest. As imagens, capturadas pelo geólogo Alton Byers, sanam as dúvidas de quem ainda não sabia o destino de todo o lixo descartado pelos visitantes. De acordo com o profissional, a montanha da maneira que está retratada é uma versão relativamente limpa, devido a expedições de limpeza muito divulgadas todos os anos. A situação poderia ser ainda pior.

Reprodução | The Daily Mail

Muitos dos resíduos gerados pelos turistas são simplesmente queimados e enterrados, deixando os locais realmente sem terra, já que a maioria da área é usada pelos aterros sanitários. “Isso porque a publicidade sempre se concentrou no lixo no acampamento base do Everest e em uma ‘expedição de limpeza’ anual”, conta em entrevista ao jornal The Daily Mail.

Para ele, essa tentativa de resolução foi sempre muito rasa e pouco efetiva. “O verdadeiro problema são as toneladas e toneladas de plásticos, latas de cerveja, garrafas de uísque, recipientes de alimentos de aço e outros resíduos sólidos que os proprietários de lojas importam”, explica.

Reprodução | The Daily Mail

As empresas de turismo compram todos esses produtos para satisfazer as demandas dos visitantes, que beiram os 50 mil ao ano. E esse número pode duplicar, dependendo do período, o que torna a situação cada vez mais alarmante. “Isso é chamado de ‘lixo incinerável’ pelos donos dos chalés, que o despejam em aterros, queimam quando está cheio e depois enterram”, explica.

“Um proprietário de uma pousada em Dingboche disse que eles estavam ‘ficando sem terra para usar como aterros’. É provavelmente um exagero, mas se você caminhar uma curta distância do rio Que Toward lodge, o rio parece um terraço paisagem lunar com todas as novas e velhas marcas de aterro”, ele lamenta. Aterros sanitários variam em tamanho de 270 a 2150 m² – e pode haver centenas deles em poucos passos andados.

Reprodução | The Daily Mail

Mas a queima libera venenos tóxicos no ar, e o lixo enterrado e queimado faz o mesmo com os lençóis freáticos, contaminando ambos. Nada disso contribui para uma mudança no cenário observado atualmente, e não traz problemas apenas para a flora e fauna local, mas também para as próprias pessoas. O Dr. Byers, da Universidade do Colorado em Boulder, acrescentou que muitos turistas estavam doentes por causa do lixo humano sendo despejado nos rios locais. “A maioria das lojas tem sistemas sépticos com vazamentos, ou as dependências ficam próximas ou diretamente sobre os córregos”, disse.

Reprodução | The Daily Mail

O Comitê de Controle de Poluição de Sagarmatha, que lida com resíduos no lado nepalês da montanha, disse ao Dr. Byers que não tem controle sobre os resíduos gerados pelas lojas ao redor do Everest. Mas ele não aceita essa explicação, e tem certeza de que eles tem total noção do que é feito, só não podem realmente fazer nada porque a Associação de Proprietários de Lojas é muito poderosa.

O Dr. Byers disse que as tentativas de resolver o problema devem se concentrar na redução do lixo sólido que chega ao Parque Nacional Sagarmatha, do qual o Everest faz parte, enquanto melhora a reciclagem. Não deveria ser uma medida remediadora e, sim, preventiva. Além disso, uma análise científica detalhada do problema deveria ser conduzida, para que fossem encontradas possíveis soluções, baseadas em estudos.

Reprodução | The Daily Mail

Em última análise, isso poderia levar, por exemplo, ao banimento de todas as garrafas plásticas de água que entram no parque, assim como proibiram garrafas de cerveja de vidro anos atrás. “Também poderia levar ao desenvolvimento de incentivos para os proprietários de lojas de reciclagem de alumínio, aço e vidro”, ele finaliza.

Você viu?

Ir para o topo