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Seaquarium, qual é o peso de Lolita?

14 de setembro de 2017
3 min. de leitura
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Sempre achei que fosse pouco mais de 3 toneladas.

Uma dúvida: ela pesa mais que Hugo? Ah, desculpe! Que cabeça a minha, Seaquarium. Não sei se vocês lembram dele… Vou ajudar: Hugo morreu aí em 1980, aos 15 anos, de aneurisma cerebral, depois de repetidos danos autoinfligidos na cabeça.

A propósito, vocês conseguem explicar por que ele batia tanto a cabeça contra o tanque? Vou entender se não, porque, após a morte dele, todas as referências à orca que serviu vocês por 12 anos foram apagadas quando uma grua soltou seus restos no aterro Miami-Dade.

Talvez, agora, 37 anos depois da morte de Hugo e da solidão de Lolita, ela pese nas costas de vocês bem mais do que ele. Afinal, são 44 anos confinada em um espaço de 18 por 24 metros, com apenas seis de profundidade.

Seis metros de profundidade para uma orca de seis metros de comprimento. Ou os responsáveis pela construção desse tanque eram tão ruins de matemática quanto eu, ou só eram cruéis mesmo.

Na última sexta-feira, tentei ligar para vocês, para saber quais eram os protocolos de proteção para Lolita durante a passagem do furacão Irma. Dei de cara com uma mensagem gravada. A mesma, inclusive, com quem falei sozinha na terça-feira seguinte, depois que vocês postaram em suas mídias sociais uma foto de Lolita em seu tanque, afirmando que tudo estava bem. Ah, e um vídeo também, com não sei quem dizendo que estava lá com não sei quem dizendo que Lolita estava indo muito bem, obrigada.

É inegável, as imagens são reais. Não sei de quando são, mas são. Porque, embora vocês tenham respondido aos comentários intrigados nas mídias sociais que a foto foi tirada naquela manhã, eu realmente fiquei impressionada com a capacidade de limpeza da água do tanque mais antigo dos EUA depois de um furacão nível 4.

Não sei se vocês viram as imagens feitas por um drone na segunda-feira, 11, horas antes da primeira postagem de vocês, mas o lugar estava assim:

Quem construí o tanque não, mas quem limpou… Está de parabéns.

Eu sempre quis que, um dia, a consciência de vocês pesasse. Por manterem Lolita assim, neste cativeiro, neste tanque, nesta sobrevivência diária que vocês chamam de vida.

Mas, desde a madrugada de sexta-feira, quando o texto que publiquei sobre a preocupação com Lolita rendeu mais de 33 mil curtidas, 15 mil compartilhamentos, e 3,5 mil comentários, fora as inúmeras mensagens privadas de pessoas querendo saber notícias, eu percebi que: meu pedido foi atendido. Não por vocês, mas foi.

Isso porque, há anos, nós, brasileiros, somos o maior grupo de turistas que visita parques como o Seaquarium. E, em apenas quatro dias, 33 mil pessoas dedicaram seu tempo para mudar isso.

1970, captura de orcas em Puget Sound. Entre elas, Lolita, aos 3/4 anos de idade.
©Terrell C. Newby, Ph.D.

Claro que, levando em consideração que quase ninguém costuma fazer esse tipo de passeio sozinho, podem multiplicar esse número aí por dois, no mínimo. Portanto são, pelo menos, 66 mil pessoas disseminando uma nova consciência pelo planeta.

A consciência de vocês não pesou. Mas a importância de Lolita para o mundo, sim.

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