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Inércia nas reduções de gases de efeito estufa pode deixar dívida de US$ 535 trilhões para futuras gerações

26 de julho de 2017
2 min. de leitura
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Este seria o custo das tecnologias de “emissões negativas” necessárias para remover o CO₂ do ar, com o intuito de evitar mudanças climáticas perigosas.

Fábrica de etanol
Foto: Jim Parkin / shutterstock

Estas são as principais descobertas de novas pesquisas publicadas na Earth System Dynamics, realizadas por uma equipe internacional liderada pelo cientista norte-americano James Hansen, anteriormente diretor do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da NASA.

Em 2015, no Acordo Climático de Paris em 2015, a comunidade internacional concordou em limitar o aquecimento a menos de 2°C. A equipe de Hansen argumenta que uma abordagem muito mais segura é diminuir as concentrações atmosféricas de CO₂ da média anual atual de mais de 400ppm (partes por milhão) aos níveis encontrados em 1980: 350ppm.

Este é um objetivo mais ambicioso do que o do Acordo de Paris de tentar diminuir o aquecimento a não mais do que 1,5°C. Muitos cientistas climáticos e políticos acreditam que os limites de 2°C ou 1,5°C só serão possíveis com emissões negativas porque a comunidade internacional será incapaz de fazer as reduções necessárias a tempo.

A tecnologia de emissões negativas mais promissora é a BECCS – bioenergia com captura e sequestro de carbono. Ela envolve a queima de culturas crescentes em estações de energia para gerar eletricidade, de acordo com o The Conversation.

O dióxido de carbono produzido é capturado das chaminés da estação de energia, comprimido e conduzido até o fundo da crosta da Terra, onde será armazenado por muitos milhares de anos. Isso permitiria gerar eletricidade e reduzir a quantidade de na atmosfera terrestre.

O grupo de Hansen estima quanto custará a extração do excesso de CO₂ com a BECCS. Eles concluem que seria possível voltar a 350ppm principalmente com o reflorestamento e a melhoria dos solos.

Porém, isso só é possível se reduções significativas nas emissões forem ocorrerem agora. Se demorarmos, as futuras gerações precisarão extrair uma quantidade de CO₂ mais de 10 vezes maior depois do final deste século.

Estimam-se custos entre US$ 150 a US$ 350 por cada tonelada de carbono removido por meio de tecnologias de emissões negativas. Se as emissões globais forem reduzidas em 6% anualmente – um cenário muito desafiador, mas não impossível – aumentar as concentrações de CO₂ para 350 ppm teria um custo entre US$ 8 trilhões a US$ 18,5 trilhões, distribuídos em 80 anos de US$ 100 bilhões a US$ 230 bilhões por ano.

Se as emissões permanecem planas ou forem elevadas em 2% ao ano, então o custo total será de pelo menos US$ 89 trilhões e potencialmente até US$ 535 trilhões. Isso significa de US$ 1,1 trilhão a US$ 6,7 trilhões a cada ano durante oito décadas.

Para contextualizar esses números, todo o orçamento federal dos EUA é de cerca de US$ 4 trilhões, enquanto as despesas anuais de todos os países com a defesa militar são de US$ 1,7 trilhão.

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