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Alergia animal: um problema mais que comum

31 de maio de 2017
4 min. de leitura
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Divulgação

Assim como na medicina humana, na medicina veterinária o diagnóstico de alergias é feito de modo bastante complexo. Porém essas doenças atingem cada vez mais cães e gatos no mundo todo.

Atualmente as alergias correspondem à maioria dos casos dermatológicos atendidos nas clínicas veterinárias de todo o país. Muitas vezes o trabalhoso diagnóstico vem com um prognóstico não tão simples.

Um diagnóstico confiável é baseado na exclusão de demais dermatopatias pruriginosas (doenças que causam coceira) e, uma vez confirmado tratar-se de alergia, são excluídas as diversas causas alérgicas.

“Em geral as doenças alérgicas com reflexo cutâneo dos cães e gatos se caracterizam por prurido, pelagem em más condições, áreas de falacrose, úlceras, eritema, piodermites e leveduroses recorrentes etc.”, informa Alexandre Pasternak, médico-veterinário especializado em dermatologia veterinária.

Constatando a alergia

De acordo com Alexandre, “o sinal que primeiramente chama a atenção do tutor para o problema é o prurido (coceira), o mau cheiro da pele (mesmo após o banho), a queda de pelos exagerada e infecção da pele”. Ao constatar esses sintomas no animal, o dono deve seguir uma série de procedimentos. A primeira etapa consiste na eliminação de ectoparasitas, pulgas, carrapatos e piolhos. Isso é feito com remédios especiais, e a consulta ao veterinário é fundamental.

Uma vez feito, são eliminados os alimentos possivelmente envolvidos na alergia, e isso exige muita paciência e dedicação por parte dos donos, pois eles terão que oferecer alimentos caseiros ao animal por um período muito longo, que varia entre 60 e 90 dias, e remover todos os alimentos industrializados da sua dieta. Essa dieta, chamada de eliminação, é uma etapa fundamental para se excluir alergia alimentar, e não pode ser negligenciada. Os ingredientes são escolhidos pelo veterinário com base naquilo que o animal nunca tenha ingerido anteriormente. A adesão a esse protocolo é fundamental para concluir-se qual alergia o animal tem de fato.

Uma vez feito isso e não havendo melhora clínica, conclui-se tratar-se de uma dermatite atópica, também chamada de alergia a inalantes ambientais, que é incurável e exigirá um tratamento permanente do animal.

É importante que haja a investigação detalhada da alergia, para uma condução adequada do paciente. Contudo, uma vez concluído o diagnóstico de dermatite atópica, o uso de medicamentos será por toda a vida.

As principais alergias em cães e gatos

Tanto nos cães quanto nos gatos, as alergias ocorrem de forma idêntica. Os quadros de hipersensibilidade no animal variam desde uma simples coceira até o óbito do animal, quando a reação alérgica é aguda, o que não é a maioria dos casos, pois normalmente as alergias adquirem um caráter crônico e recendente.

De acordo com Alexandre, “a doença alérgica que mais se diagnostica nos consultórios de dermatologia veterinária é, sem dúvida, a dermatite atópica, seguida pelo prurigo estrófulo (dermatite alérgica à picada de ectoparasitas) e pela dermatite trofoalérgica (alergia a algum alimento ingerido)”.

A dermatite atópica é uma predisposição que desenvolve problemas de pele quando os animais entram em contato com partículas normalmente inofensivas, como pólen, plantas, gramas, ervas, pó, ácaros, fungos, bolores etc. Algumas raças de cães, como lhasa apso, labrador, shar-pei e pug, são mais predispostas a contrair esse tipo de alergia.

A dermatite alérgica à picada de pulga (prurigo estrófulo) é o caso mais comum entre os animais. É um tipo muito comum, causado pela saliva da pulga. São necessárias apenas algumas picadas para começar o problema. Ocorrem, em geral, em cães e gatos que tenham entre três e quatro anos.

Os animais também podem desenvolver alergia aos alimentos que consomem. Geralmente, isso pode ser causado pela ingestão de carne de vaca ou de porco e derivados de leite, milho, trigo e soja. Conservantes ou corantes também podem ser alérgicos.

Em alguns casos os cães e gatos desenvolvem alergia ao contato constante com algo ao qual são sensíveis, como produtos químicos. Geralmente, ela se desenvolve nas patas e na região anal.

Tratamento

As alergias podem ser controladas através de vacinas específicas, também conhecidas como imunoterapia, que consiste em injetar no animal, de maneira gradativa, concentrações crescentes das substâncias às quais o animal é sensível. Pode ser feito também o controle das doenças de pele que normalmente estão associadas às alergias.

As vacinas de alergia consistem em 3 frascos ampola contendo concentrações crescentes de alérgenos (substâncias que causam as alergias). Com a imunoterapia, o animal vai se tornando cada vez menos sensível aos alérgenos. Obviamente, esse procedimento não deve ser o tratamento único, pois na grande maioria dos casos as alergias vêm acompanhadas de várias doenças de pele, que precisam ser diagnosticadas e tratadas de acordo. Existem inúmeras doenças que podem ser confundidas com alergias.

“Muitas são as modalidades de tratamento das doenças alérgicas com reflexo cutâneo. Em geral utiliza-se a combinação de medicamentos sistêmicos e tópicos, alteração de alimentação e controle de ectoparasitas. As alergias são doenças incuráveis, mas que são passíveis de controle, possibilitando conforto e devolvendo a qualidade de vida ao portador do distúrbio”, finaliza Alexandre.

* Dr. Alexandre Pasternak é médico-veterinário – CRMV-SP 17344 – graduado em Medicina Veterinária pela Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade do Grande ABC, em Santo André, São Paulo. Atua na área de dermatologia, clínica médica e cirúrgica de pequenos animais.

Fonte: ID Med

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