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Quem somos nós

6 de dezembro de 2016
3 min. de leitura
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Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

O nosso mundo não compreende o direito de vocês, mas vocês entendem bem como funciona o nosso. E mesmo assim não ligam em separar nossas famílias, transportar-nos de qualquer modo até lugares frios, sombrios e isolados, distantes de tudo o que antes era só paz e harmonia, entre nossos iguais e a natureza de onde viemos. Poucos param para pensar enquanto se deliciam com nossa carne, extraída após uma vida de sofrimento e reclusão, muitas vezes antecedida por um sofrimento comparável apenas aos mais trágicos e imorais atentados à sua humanidade, como o holocausto. Para nós, esse holocausto prossegue às escuras, uma vez que a indústria é perita em maquiar o que se passa longe das vistas humanas. Não é?
Infelizmente vocês ainda não entenderam que sermos diferentes não nos faz melhores ou piores, merecedores ou não da vida e da liberdade. Somos todos criaturas lindas, únicas, especiais, cheias de talentos e, como tal, buscamos a alegria, o contato com nossos familiares e semelhantes… Tememos por nossas vidas, sentimos alegria e tristeza, confraternizamos e nos sentimos sós, as vezes. Amamos aquele banho rápido após um rasante na piscina. Adoramos rolar na grama, nos morder e abraçar, amamos nadar juntos, caminhar pela grama, sem medo, pular de galho em galho sem que uma parede de concreto nos proíba de continuar. Assim, independente da forma corporal, somos iguais na condição de seres vivos, prontos para desfrutar nossas vidas plenamente até que sejamos chamados pela natureza para retornar.
Somos aves engaioladas, peixes espremidos em aquários, leões dopados, ursos encarcerados, cavalos forçados a puxar carroças quilômetros a fio, muitas vezes em um gole de água sequer. Somos os cães e gatos multiplicados pela indústria das raças, raposas, focas, chinchilas e outros amigos trucidados vivos para que vocês possam ostentar nossos restos no pescoço em dias de frio. Somos saguis perdidos entre a antiga casa e o prédio que se ergue. Somos corais esbranquiçados pela poluição, tartarugas sufocando com o plástico, jogado de qualquer jeito na rua, na floresta ou na praia. Somos tubarões, desmembrados vivos e devolvidos ao mar para morrer afogados, para que suas sopas e outros pratos possam conter aquele ingrediente especial. Somos cães abandonados porque ficaram velhos ou cresceram demais. Somos gatos pretos, muitas vezes rejeitados ou excluídos do contato com humanos por conta da nossa cor. E ainda assim, continuamos aqui, cantando da árvore nosso melhor repertório, fazendo chamego quando você retorna para casa, te cobrindo de carinho, ternura e amor.
Seguimos embelezando os rios, as matas, os céus e montanhas, trabalhando do nosso jeitinho para que o planeta continue vivo, rico e esplendoroso. Seguimos ajudando o cego a caminhar, o paraplégico ou criança com down a se sentir melhor, mais animada e mais feliz. Somos parceiros, não vê? Irmãos de jornada. Filhos de uma única fonte criadora, que cada um chama como quer. Até de acaso. Espero, de coração, que se o acaso o fez chegar até aqui na leitura, que sua razão possa ajudá-lo a pensar um pouco no que leu e a mudar o que seu coração já sinaliza há tempos para você. É só despertar. Tenha um bom dia.

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