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Mel de abelhas: porque veganos não consomem

13 de dezembro de 2013
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O mel é um produto encontrado em estado líquido viscoso e açucarado produzido pelas abelhas a partir do néctar recolhido de flores e processado pelas enzimas digestivas desses insetos, sendo armazenado em favos em suas colmeias para servir-lhes de alimento. Elas trabalham diligentemente durante o verão inteiro para produzir alimento suficiente para sobreviverem durante o inverno.

Uma abelha inicia o processo de produção de mel quando colhe o néctar de uma planta. O néctar das flores é similar à água com açúcar (sucrose). O néctar entra no sistema digestivo das abelhas, onde é misturado a enzimas que convertem seu açúcar em frutose. Há cerca de 20 mil espécies diferentes, e as do gênero “Apis mellifera” são as que melhor se prestam à polinização. Abelhas polinizam de 50% a 80% dos vegetais que utilizamos.

Como as abelhas não carregam baldinhos como nos desenhos animados, o mel é o vômito desses insetos – o mel nada mais é do que isso.

Abelhas estão presentes nas mitologias de várias culturas, aparecendo também em imagens religiosas e em estandartes reais. Em Valência, Espanha, há representações gráficas de arte rupestre de abelhas datadas do período neolítico em cavernas. Na mitologia egípcia as abelhas representam as lágrimas do deus Rá (o sol) quando caíram na areia do deserto. Na mitologia hindu o deus do amor Kamadeva carrega um arco feito de abelhas. Inspirado na mitologia grega, Virgílio (15/11 – 70 a.C. – 21/09 – 19 a.C.), poeta e pensador romano, em seu 4º livro das “Geórgicas” relata que o personagem Aristeu teria sido o primeiro apicultor e que cultivava abelhas em carcaças de animais. A Maçonaria tem como um de seus símbolos a colmeia.

Porém o ser humano sempre usou o fruto do trabalho desses insetos. O manuseio de abelhas, atividade lucrativa e gananciosa exercida por seres humanos para furtar o mel, é chamada de apicultura e remonta ao ano 2400 a.C., entre os egípcios e gregos. Lorenzo Langstroth, (25/12 – 1810 –06/10 – 1895), apicultor americano, desenvolveu a chamada apicultura moderna.

As abelhas, parentes de formigas e vespas, existem há mais de 20 milhões de anos. O mel já era conhecido pelos sumérios (talvez a mais antiga sociedade) desde 5 mil a.C.. As abelhas, naturais da Europa e Américas, foram introduzidas no Brasil no século XVIII pelos jesuítas, no noroeste do Rio Grande do Sul.

Para o mel ser produzido, duas situações acontecem: as abelhas produzem enzimas que transformam a sucrose em frutose. E, a maior parte dessa mistura deve ser evaporada, restando somente 18% de água na composição final, resultando em um alimento (alimento das abelhas) resistente a mofo, fungos e a várias bactérias durante anos.

As abelhas são insetos sociais de cerca de dois centímetros de comprimento, listradas em preto e amarelo. Possuem cinco olhos: dois maiores na frente e três menores no topo da cabeça. Possuem também duas antenas, dois pares de asas e uma língua para sugar o néctar das flores.

Junto com outros insetos, pássaros e pequenos mamíferos polinizam plantas, pois quando se alimentam nas flores levam o pólen, possibilitando a reprodução das mesmas. As abelhas vivem em colmeias construídas no topo de árvores, cavernas, etc., e podem chegar a 80 mil indivíduos. As colmeias são locais de extrema organização, onde existem uma única rainha, muitos zangões e operárias: Abelha Rainha: toda colmeia possui só uma abelha rainha, que é a responsável pela reprodução da espécie, botando mais de mil ovos por dia, chegando a viver até 5 anos. Ela é alimentada com a geleia real, seu único e exclusivo alimento. A partir de seu 9º dia de vida já está apta a ser fecundada por zangões. Quando nascem duas abelhas rainhas, em uma única colmeia, elas lutam até a morte, pois só uma assumirá a missão de garantir a reprodução da colônia; Abelha Zangão: a função dos zangões nas colmeias é a fecundação das abelhas rainhas, o que ocorre 1 vez ao ano. Eles não possuem ferrão e vivem em torno de 3 meses. No voo para fecundação da rainha, uma média de oito zangões conseguem realizar a cópula. Logo após a cópula, o zangão morre, pois seu genital fica preso à rainha; Abelha Operária: realiza todo o trabalho dentro da colmeia – higieniza, garante alimento e água para todos coletando pólen e néctar, produz cera e mel e elabora a própolis, que é uma substância desinfetante. Uma abelha operária pode produzir, em média, cinco gramas de mel por ano. Vive em torno de quatro meses. Nas colmeias as abelhas possuem uma rígida hierarquia entre operárias, zangões e rainha.

Além do mel, são produtos gerados pelas abelhas nas colmeias:

Cera: produzida por glândulas especiais das abelhas é o resultado da reelaboração do mel sendo usada como estrutura básica dos favos. O formato hexagonal do favo permite que sua parede fina de 1/3 milímetro de espessura suporte 30 vezes o seu peso;

Própolis: substância resinosa, é usado pelas abelhas para vedar orifícios e desinfetar a colmeia – é um antibiótico natural e antifúngico. Sua composição é de 55% resinas vegetais; 30% cera de abelhas; oito a 10% de óleos essenciais; e 5% de pólen aproximadamente;

Pólen: alimento para as abelhas;

Geleia real: é a única fonte de alimento para a abelha rainha por toda a sua vida – secreção produzida pelas glândulas de jovens abelhas operárias.

E o que há de errado em consumir mel segundo o veganismo?

Veganismo é a filosofia segundo a qual, deve-se viver sem explorar os outros animais, sob nenhum aspecto. O vegano vive sem se alimentar de animais não humanos e os produtos deles derivados (ovos, leite, laticínios, gelatina, corantes como a cochonilha, etc.), repudia a caça, a vivissecção (veganos boicotam quaisquer produtos que tenham sido testados em animais), confinamento, apropriação, rodeios, circos, zoológicos e qualquer tipo de entretenimento utilizando animais, comércio, trabalho dos bichos. Não usa couro, peles, lã, penas, camurça, seda, enfim, qualquer prática que signifique exploração de animais. Veganismo não é só dieta. É um conjunto de práticas com base nos Direitos dos Animais.

O termo inglês “vegan” foi criado em 1944, numa reunião organizada por Donald Watson (1910 – 2005), carpinteiro, envolvendo seis pessoas, após desfiliarem-se da “The Vegetarian Society” por diferenças ideológicas, onde ficou decidido criar uma nova sociedade (“The Vegan Society”) e adotar um novo termo para definir a si próprios (wikipédia) – “vegetarian”.

Obviamente o mel é um produto criado pelas abelhas para sua própria alimentação e bastaria isso para não ser consumido por veganos. Nem a “Vegan Society” nem a “American Vegan Society” consideram o uso de mel ou outros produtos de insetos como apropriados para veganos. Seres humanos podem substituir o mel por melado de cana, melado de beterraba, agave azul, etc.

Mas o mel não é tão inocente quanto parece. No Brasil, a ANVISA, “Agência Nacional de Vigilância Sanitária”, não recomenda a ingestão por crianças abaixo de um ano de idade, por perigo de contaminação por esporos do bacilo “Clostridium botulinum”, responsáveis pelo botulismo.

Num relato da revista eletrônica de veterinária “Animal Welfare”, o cientista C. M. Sherwin, da Escola Veterinária de Bristol, em 2001, analisou experiências científicas realizadas em insetos e procurou interpretar as suas reações. Foi avaliada a capacidade de memória e aprendizagem através da observação, a presença de percepção espacial, respostas operativas, testes de preferência, dor, entre outros. Sherwin concluiu que as respostas apresentadas por diversos invertebrados como abelhas, aranhas, etc., que nós consideramos automáticas, rígidas e fixas estão afinal sob algum controle voluntário.

A crueldade que envolve a dita “apicultura” é enorme:

– fumigação – o apicultor usa fumaça, pode ser com palha e sabugo de milho, para deixar as abelhas atordoadas e intoxicadas e poder manusear mais facilmente a colmeia. A morte das abelhas não acontece apenas por asfixia pela fumaça, mas também pelo calor, pois a fumaça é muito quente, matando os insetos queimados. Além disso, na extração de favos, os apicultores esmagam abelhas com suas próprias mãos;

– as abelhas rainhas são inseminadas artificialmente, (o apicultor utiliza ganchos e seringas) com o sêmen de zangões decapitados, porque o ato de arrancar a cabeça do zangão e espremer o tórax faz com que eles ejaculem e as rainhas são mortas quando sua capacidade de produção de ovos decai. Essa inseminação é feita com abelhas importadas italianas, alemães e africanas, que produzem mais mel, e causam devastação nas abelhas nativas;

– apicultores grampeiam as asas da rainha para que ela não possa abandonar sua colmeia, levando consigo muitas das operárias. As abelhas também podem criar uma nova rainha, a princesa, para perpetuar a espécie criando um novo enxame. O apicultor, percebendo que a produção de mel irá baixar com a saída dessas operárias, além de grampear a rainha, mata a princesa ainda em forma de larva. A colmeia fica superlotada, as abelhas produzindo muito mel, que é retirado e comercializado, após o que, as abelhas são mortas de fome ou envenenadas (ou para substituir o mel que foi furtado, as abelhas são alimentadas com pólen artificial e calda de açúcar branco, inteiramente desprovidos de nutrientes), recomeçando um novo ciclo;

– na manipulação dos favos muitas abelhas morrem esmagadas. As abelhas são separadas de suas colmeias sendo sacudidas violentamente ou por jatos de ar, o que provoca a perda de suas asas e pernas, gerando dor e morte;

– abelhas também são submetidas à vivissecção e muitas experiências são realizadas para aumentar a produção de mel, o que garante a ganância dos apicultores;

– em alguns países, como por exemplo no Japão, abelhas sofrem radiação para fazer com que os ferrões caiam, “fabricando-se” abelhas sem ferrões que se tornam inofensivas, para um manuseio mais fácil;

– apicultores instalam armadilhas para captura e matança de tatus e iraras, pois esses animais silvestres se alimentam do mel das abelhas.

Os insetos sentem dor?

Sim, abelhas e outros insetos sentem dor, segundo o fisiologista Gilberto Xavier, pesquisador da USP, “Universidade São Paulo”:
“Os insetos possuem terminações nervosas similares às que nós, humanos, temos. Por isso, é razoável supor que eles possuem algum tipo de percepção sensorial equivalente ao que nós chamamos de dor. Além disso, o animal é capaz de fazer uma aprendizagem de esquiva, afastando-se de algo que lhe causa desconforto”. Os insetos possuem receptores nervosos convergentes – suas terminações nervosas são na pele e possuem ainda mecanismos de bloqueio de dor diferentes e mais eficientes que os dos humanos. Graças a esses mecanismos, uma barata continua a andar mesmo depois de ter uma perna arrancada. Se possuem mecanismos de bloqueio da dor, é porque sentem dor.

O MEL É DAS ABELHAS!

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