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Bichos preguiça estão morrendo

9 de setembro de 2013
7 min. de leitura
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Foto: Divulgação/Recreio
Foto: Divulgação/Recreio

Esses simpáticos mamíferos que parecem estar sempre sorrindo, bichos preguiça ou preguiças, dividem-se em 2 famílias: os de 3 dedos e os de 2 dedos (*). Os dedos têm longas garras, com 5 a 6 cm, que permitem que eles se pendurem nos galhos de altas árvores de cabeça para baixo. Os espécimes das 2 famílias, apesar de terem aparência semelhante, não são parentes próximos e dificilmente ocupam a mesma área. As preguiças ocorrem em florestas tropicais da América Central e América do Sul e são parentes dostatus e tamanduás.

São herbívoros de hábitos noturnos e vivem nas copas de árvores altas, preferencialmente com cipós. Têm pelagem acinzentada ou marrom, e o que parece ser uma parte esverdeada, são algas que se desenvolvem em seus longos pelos, servindo de alimentação para lagartas e algumas espécies de mariposas. O pelo cresce em sentido diferente dos demais mamíferos, isto é, cresce do ventre em direção ao dorso. Isso se dá porque as preguiças passam quase o tempo todo de cabeça para baixo, o que faz com que a água da chuva corra sobre o corpo delas. Têm hábitos solitários, cada indivíduo tendo seu próprio território, onde permanecem a maior parte da vida. Macho e fêmea só se encontram para o acasalamento. Da gestação, que dura em torno de 11 meses, só nasce 1 filhote, do qual apenas a fêmea cuida. O filhote é carregado por sua mãe nas costas, durante os seus 9 primeiros meses de vida.

Preguiças podem viver em torno de 30 anos.

Chegam a pesar cerca de 6 kg. Seu nome vem de sua lentidão para se mover, o que é provocado por seu metabolismo baixo. Apesar de lentas em terra, as preguiças são excelentes nadadoras. Dormem 14 horas por dia, sempre penduradas nas árvores. A sua temperatura corporal é próxima à do ambiente, sendo por isso consideradas animais homeotérmicos imperfeitos (animais homeotérmicos são aqueles que possuem a característica de manter a temperatura do corpo constante. A temperatura corporal destes animais fica sempre muito próxima da temperatura ambiente, variando entre 27º e 34,5ºC).Quando faz frio, as preguiças entram em estado de letargia (apatia, entorpecimento).

Alimentam-se de folhas novas de árvores como a embaúba, a figueira, a ingazeira e a tararanga. Seus estômagos são semelhantes aos dos animais ruminantes, pois são divididos em 4 compartimentos. Nunca bebem água pois a quantidade que elas necessitam para viver é absorvida do próprio alimento, durante o processo de digestão. Têm a visão e a audição pouco desenvolvidas orientando-se pelo olfato. Possuem de 8 a 9 vértebras cervicais, o que lhes possibilita girar a cabeça 270 graus sem mover o corpo.

Os bichos preguiça raramente colocam as patas no chão, defecando e urinando apenas 1 vez por semana, ocasião em que descem das árvores. Nesse momento é quando elas estão mais vulneráveis a pedradores, pois não conseguem fugir rapidamente. Muitas espécies de besouros e ácaros se alimentam das fezes das preguiças e usam esses animais como transporte. Devido à sua coloração e ao fato de permanecerem nas copas de árvores muito altas, é difícil visibilizar as preguiças na mata. São predadores dos bichos preguiça: harpias (uma espécie de águia), onças pintadas, algumas espécies de serpentes, e o pior de todos, que é o ser humano, que pode levar as preguiças à extinção.

Entre as espécies ameaçadas de extinção estão o bicho preguiça comum e o de coleira, que já estão desaparecendo de diversas regiões onde eram abundantes, como no nordeste brasileiro. No extremo sul da Bahia a Mata Atlântica já foi totalmente devastada. Agora, o sul começa a ser destruído, assim como em outros estados, como por exemplo, Pernambuco. O desmatamento, por causa de empreendimentos imobiliários e plantações de eucalipto para fazer papel, é a principal causa do desaparecimento das preguiças, que passam quase todo o tempo de vida em cima das árvores, onde se alimentam de 22 espécies diferentes de vegetação. Elas tentam fugir para áreas próximas às cidades, tornando-se uma presa fácil para caçadores ilegais. O principal predador das preguiças é o homem, pois vem destruindo matas e esses animais ficam sem seus habitats naturais.

As preguiças de coleira são muito procuradas como animais de estimação, por seu temperamento aparentemente dócil, mas esses animais não podem ser domesticados, pois necessitam das copas das árvores e sua alimentação é bastante restrita (as de 2 dedos não são procuradas, por sua agressividade). São animais muito delicados e não sobrevivem fora das florestas. Preguiças não são e nunca serão animais de estimação, morrendo em poucos dias em cativeiro. A ganância do ser humano está acabando com mais essa espécie de animal silvestre. Segundo biólogos, “para completar o cenário de destruição na Bahia, a variabilidade genética do animal já é muito baixa. Ou seja, quase todos são consanguíneos, o que os torna estéreis”. O problema da venda desses animais não só ocorre no Brasil, mas na Costa Rica, Colômbia, etc.. A preguiça anã está criticamente ameaçada no Panamá.

O comércio ilegal de animais silvestres é crime no Brasil. Ter animais silvestres como animais de estimação é ilegal, conforme a Lei de Crimes Ambientais nº 9605 / 98. Ela proíbe a utilização, perseguição, destruição e caça de animais silvestres e prevê pena de prisão de 6 meses a 1 ano, além de multa para os infratores.
Com ações simples você pode ajudar a salvar as preguiças e o seu habitat da extinção, de acordo com a bióloga Vera Lúcia de Oliveira, responsável pelo “Projeto de Preservação do Bicho Preguiça”, criado em 1992, mantido pela Comissão Executiva da Lavoura Cacaueira vinculada ao Ministério da Agricultura, Ilhéus, BA:
– Não cace e não deixe que outras pessoas cacem. As ilhas de matas que sobraram não comportam mais populações de animais que resistam á caça predatória;
– Não compre animais silvestres. Mesmo que você sinta pena, a compra estimulará a captura para o comércio ilegal. Não deixe que seus parentes ou amigos comprem animais silvestres;
– Não destrua as florestas – são habitats dos animais e também sua vida depende delas;
– Preserve a fauna e flora;
– Respeite toda forma de vida, pois na diversidade biológica está a riqueza ambiental futura;
– Respeite a natureza, sinta-se parte dela e não seu dono.

Segundo texto do jornal “Correio da Bahia”:
“elas têm se arrastado pelo chão de Ilhéus, movimentando o corpo de forma devagar e triste. Enquanto rolam pela terra ou asfalto, trazem nos olhos uma luz bem diferente daquela aparência mole por vontade própria, daquele jeito maroto de quando estavam dependuradas nos galhos das árvores da floresta. Antes esse arrastar fosse apenas preguiça, como seu próprio nome diz. É desespero mesmo. Por conta da devastação da Mata Atlântica, os bichos preguiça estão morrendo no sul da Bahia”

Como ajudar: Para quem está no sul da Bahia, qualquer informação sobre a presença de um bicho preguiça, em perigo ou não, é importante. Ligue (73) 214-3228. Trocas de informações e experiências são bem vindas pelo e-mail: [email protected]
Notas:
(*) – No Brasil, existem as seguintes espécies de 3 dedos:
– Preguiça comum (B. variegatus) que também é encontrada de Honduras ao norte da Argentina e todas as florestas do Brasil;
– Preguiça de bentinho (B.tridactylus) que também vive na Venezuela, Bolívia, Rio Orinoco, Guianas;
– Preguiça de coleira (B. torquatus) que vive somente  nos trecho da Mata Atlântica que vão do Rio de Janeiro ao sul da Bahia, sendo esta a espécie mais ameaçada de extinção;
– Em 2001, foi descoberta uma nova espécie no Panamá: a preguiça anã (B. pygmaeus).
– A preguiça de 2 dedos(Choloepus didactylus) é encontrada da América Central até São Paulo no Brasil;
– A preguiça real (Choloepus hoffmanni) vive nas florestas tropicais, desde a Nicarágua até o Brasil central.
Distribuição do gênero Bradypus: Verde=B. variegatus, Azul=B. tridactylus, Vermelho=B. Torquatus
Texto meramente informativo
 
TEXTO REGISTRADO NA BIBLIOTECA NACIONAL – DIREITOS AUTORAIS
Reprodução permitida, desde que, com todos os créditos da autora e de seu trabalho.
Martha Follain: Formação em Direito, Neurolinguística, Hipnose e Regressão. Terapia Floral de Bach, Aromaterapia, Terapia Floral de Minas, Fitoterapia Brasileira, Cromoterapia, Cristaloterapia, Terapia Ortomolecular, Bioeletrografia, Terapia de Integração Craniossacral – para animais humanos e animais não humanos. Consultora da “Phytoterápica”. Atendimentos e cursos

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