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Safáris para matar onças no Pantanal eram feitos há pelo menos 15 anos, diz delegado

11 de maio de 2011
4 min. de leitura
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A polícia acredita que os safáris organizados na fazenda Santa Sofia, de propriedade da pecuarista Beatriz Rondon, para caçar onças pardas e pintadas no Pantanal, no Mato Grosso do Sul, aconteciam há pelo menos 15 anos, de forma organizada.
Segundo o delegado Alexandre do Nascimento, da Polícia Federal de Corumbá, estima-se que 50 turistas participavam dos safáris por ano – uma média de cinco por mês. Num ritual, eles bebiam goles de cachaça misturada ao sangue das onças mortas. O delegado está reunindo provas da atividade e pode pedir a prisão preventiva de Rondon.

“Achamos na fazenda fotos com mais de 20 anos que atestam que as caçadas já aconteciam. Calculamos que há pelo menos 15 anos a atividade está sendo feita de forma organizada. Estamos esperando os laudos sobre os animais, armas e munições apreendidos na fazenda. Só depois de termos essas provas é que deveremos pedir a prisão preventiva dela”, disse o delegado ao GLOBO.

Essa é a cara da assassina, Beatriz Rondon tinha caça a onças como hobbie cruel. Foto: Reprodução/ TV Globo

A pecuarista, assim como as demais pessoas que aparecem num vídeo que registra uma das caçadas, pode ser indiciada pelos crimes de formação de quadrilha, caça de animais silvestres em extinção, posse de arma de fogo de uso restrito e munição importada. Ela já foi multada em R$ 105 mil pelo Ibama.

Nas imagens, pouca gente reparou, mas os caçadores bebem um líquido de cor avermelhada, depois que as onças são abatidas. É um ritual dos caçadores. O líquido é o sangue do animal abatido.

“O indiciamento dela é mera formalidade. Já poderia ter acontecido. Estamos reunindo todas as provas para ter um inquérito bem fundamentado. A pecuarista só não foi presa em flagrante, na semana passada, quando estivemos na fazenda, porque não estava lá”, disse o delegado.

De acordo com Nascimento, a caça às onças era uma espécie de hobbie da pecuarista. Nos safáris, ela reunia amigos para as caçadas. Os estrangeiros, que vinham dos Estados Unidos, Europa e Argentina pagavam entre US$ 5 mil e US$ 7 mil para ter guias, armas, transporte e hospedagem na fazenda.

“Ela não vivia dessa atividade. Caçar onças é um hobbie”, afirmou.

Apesar desta afirmação, os pacotes para os safáris eram vendidos no site da Fazenda Santa Sofia.

O vídeo que mostra as onças sendo abatidas foi feito por um estrangeiro e era divulgado na internet como propaganda dos safáris. As imagens mostram uma onça parda e uma pintada sendo abatidas com tiros na cabeça. No vídeo Beatriz, aparece após uma onça ser mortas. Ela diz que era uma “fêmea linda”, mas ela andava matando seu gado.

Mais uma vítima de prática cruel e criminosa na Fazenda Santa Sofia. Foto: Reprosução/ TV Globo

“Nas imagens, pouca gente reparou, mas os caçadores bebem um líquido de cor avermelhada, depois que as onças são abatidas. É um ritual dos caçadores. O líquido é o sangue do animal abatido misturado com cachaça. A própria Beatriz aparece nas imagens bebendo”, explicou o delegado.

Beatriz Rondon é conhecida na região onde os safáris eram realizados. A dona da fazenda Santa Sofia também foi presidente da ONG Ambiental, que promovia a defesa ambiental do estado do Mato Grosso do Sul. Rondon conseguiu que sua fazenda fosse reconhecida como Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), o que implica que ela teria conservar a diversidade da área, recebendo em troca isenção de alguns tipos de impostos. Ela também recebia para cada boi ou vaca atacado e morto pelas onças que estavam em sua propriedade.

Durante a vistoria na fazenda da pecuarista, na semana passada, a Polícia Federal apreendeu galhadas de cervo, dois crânios de onça, uma pele de sucuri de 3,5 metros, cinco revolveres calibre 38, uma pistola 357 (uso restrito) uma carabina, dois fuzis, caixas de munições, dois alforjes e turros, espécie de tubos, que quando assoprados emitem sons iguais aos emitidos pela onça e atraem os animais.

Renê Seufi, advogado de Beatriz Rondon, disse que sua cliente não promovia caçadas e nem tinha interesse nesse tipo de atividade.

Fonte: Globo

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