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Veterinária voluntária relata situação dramática atual na região serrana (Rio)

2 de fevereiro de 2011
426 min. de leitura
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Izolina Ribeiro
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Estamos há cerca de 15 dias aqui na região serrana do Rio de Janeiro. E peço desculpas pela falta de noticias, mas tínhamos dificuldades de comunicação sérias no local que escolhi para me basear. Chegamos alguns dias após a tragédia das chuvas. Em São Paulo ficou parte de nossa equipe organizando as arrecadações de doações que têm sido tão importantes para podermos ajudar os animais dessa região devastada.

Quando chegamos imaginávamos que nossa experiência em viagens anteriores seria suficiente para o que estava por vir. Mas dia a dia fomos nos defrontando com situações indescritíveis nos resgates que fizemos e mesmo na ajuda que tentamos levar às áreas isoladas da região de Nova Friburgo e região.

Indescritível também o descaso como vem sendo tratada a tragédia que assolou essa região. Mas isso é assunto para mais tarde.

Escolhemos um ponto isolado e afastado do centro, pois neste local pude contar com os nossos queridos bombeiros e outros heróis que têm dado o sangue para ajudar a população a superar esse momento de total desespero. Neste local concentramos também as arrecadações de ração, alimentos, água, medicamentos, e tudo o que foi doado está sendo encaminhado e distribuído para as pessoas que estão em áreas isoladas e sem condições de alimentar seus bichos.

As cenas que nossos olhos têm presenciado nunca mais sairão de nossa memória. Elas farão parte de nossa alma, ficarão empregnadas em nosso DNA para todo o sempre.

A situação dos animais da região é desesperadora. Vagam pelas ruas sem rumo, sem referência, pois aquela casa onde moravam, a rua onde passeavam, seus quintais, seus tutores e suas lembranças olfativas já não existem mais. Se perderam na enxurrada de lama, entulhos, pedras e árvores arrancadas pelas chuvas. Nada mais resta a estes animais senão nosso esforço para tentar ajudá-los.

Estamos tentando castrar o maior número possível de animais. Tanto os que ainda têm tutores, como aqueles que foram resgatados. Já castramos cerca de 120 e prosseguiremos por mais alguns dias concentrados nessa ação.

A natureza reinvindica seu direito de perpetuar as espécies e 90% das fêmeas que estou castrando estão no cio. A partir de agora as campanhas de castração nessa região terão que ser efetivas para se evitar ainda mais sofrimento para os animais.

Recebemos inúmeros veterinários/biólogos e protetores voluntários vindos de outras cidades e que dedicaram seu tempo e nos ajudaram muito nestes dias. Nomes serão publicados em outra ocasião que dispuser de mais tempo.

Todo o trabalho dos Veterinários na Estrada também tem sido voluntário. Não estamos vinculados a nenhum órgão ou ONG. É importante esse esclarecimento.

Aqui conheci pessoas de todos os tipos e caráter. Fizemos amigos que nunca mais deixarão de habitar nossos corações. Viver é isso. Uma estrada pela frente que cada um percorre de acordo com suas escolhas.

Dra. Amélia / Veterinários na Estrada

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