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Abutre do Egito colonizou ilhas Canárias graças à presença humana

29 de dezembro de 2010
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O abutre do Egito é o protagonista daquilo que pode ser uma “união feliz” entre vida selvagem e humanos. Segundo investigadores espanhóis da Estação Biológica de Doñana, a espécie colonizou as ilhas Canárias graças às pessoas e que estas podem favorecer a biodiversidade.

Esta espécie (Neophron percnopterus) fixou-se nas Canárias há 2500 anos, data que coincide com a colonização humana daquele arquipélago, salientam os investigadores, em comunicado.

Os resultados da investigação, publicada na última edição da revista BNC Evolutionary Biology, indicam que a chegada ao arquipélago das primeiras populações, provenientes do Norte de África, transformaram-no num espaço com fontes de alimento abundantes, graças aos rebanhos de cabras. Isto “facilitou a colonização do abutre do Egito, classificado como espécie em perigo de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza” e propiciou mesmo a sua expansão, escrevem os investigadores. Antes da chegada dos colonos, as ilhas Canárias ofereciam apenas às aves os restos de roedores, aves e algumas espécies marinhas. “A ausência de grandes mamíferos terrestres e animais domésticos é o motivo para que esta espécie só se interessasse pelas Canárias depois da chegada dos colonos”, acrescentam.

Mas a equipe da Estação Biológica de Doñana descobriu ainda que os abutres do Egito das ilhas Canárias têm “importantes vantagens físicas em comparação com” as populações da mesma espécie na Península Ibérica.

Depois de comparar 242 abutres de Fuerteventura e 143 na Península Ibérica, o estudo concluiu que as aves nas Canárias são 16 por cento mais pesadas e três por cento maiores do que as aves peninsulares.

“Os resultados sugerem que a actividade humana pode provocar a evolução divergente de uma espécie numa escala de tempo relativamente breve”, explicou Rosa Agudo, uma das responsáveis pela investigação.

Em Portugal, o abutre do Egito está hoje classificado como “Em Perigo”, mas houve tempos em que se distribuía por todo o país, incluindo escarpas costeiras. Mas no século XIX sofreu uma regressão acentuada e um censo de 2000 contabilizou a população em 83 a 84 casais em território nacional. A perturbação humana em zonas de nidificação, a colisão e electrocussão em linhas aéreas de distribuição e transporte de energia e o abate a tiro são alguns dos fatores de ameaça.

Fonte: Ecosfera

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