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Histórias de cães de rua que têm como tutor toda a vizinhança

20 de novembro de 2010
4 min. de leitura
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Três ruas de Curitiba (PR) e um posto de gasolina. Você imagina o que estes locais têm em comum? Cachorros comunitários. Os animais apareceram por lá, ficaram e ganharam o carinho das pessoas. Conheça histórias de cães que têm como tutor toda a vizinhança.

A brincalhona e o grude recebem comida dos seus tutores de rua. Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

Kika, uma cachorrinha sem raça definida (SRD), surgiu há um ano no bairro Santa Cândida. Brincalhona, conquistou a vizinhança e logo recebeu comida de todos. “Tem uma chácara na frente de casa e as pessoas costumam abandonar cães ali que depois geralmente são recolhidos por alguém. Mas ela apareceu, agradou todo mundo e não quis mais ir embora”, diz um dos donos, Estevan Gerlach. Ela dorme na rua, em frente da casa dele, mas gosta muito de se enfiar no meio do mato. Há pouco tempo, ela entrou no cio e engravidou. Nasceram oito filhotes, mas sobraram cinco – três morreram –, que também foram recebidos com carinho pelos vizinhos. “Fizemos uma casinha para ela ficar com eles ”, diz Estevan. Depois que desmamaram, um dos vizinhos distribuiu os filhotes para parentes. Mas Kika não ficou sozinha. Um dos cachorros que ficavam perto dela durante o cio, o Chiclete, nunca mais saiu de lá. Hoje eles vivem grudados e ele também é cuidado pelas mesmas pessoas que tratam da cachorrinha. “Escolhemos esse nome para ele porque quando chega perto da gente, não larga mais.”

Lelo gosta mesmo é da rua, vive há seis anos no local. Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Lelo, que hoje tem 12 anos,  apareceu no bairro Portão há seis. Assim que a vizinhança percebeu que ele andava sozinho, começou a colocar ração e a ficar de olho para que nada de mal lhe acontecesse. “No começo a comida era dada uma vez por dia e cada hora por um vizinho diferente. Ele comia e depois zanzava pela região. Acho que até chegava a ganhar mais refeições em outros lugares”, conta uma das donas, Márcia Maria Neves. Os anos passaram e ele começou a ficar mais tempo no mesmo local. Cada vez que alguém abria o portão de casa pela manhã para trabalhar ele entrava, passava algumas horas deitado e depois voltava a perambular. Hoje dorme todas as noites na casa de um único vizinho, mas não largou as ruas. “É inquieto, gosta de ficar por aí, mas conhece todo mundo. Quando alguém chega de carro, logo pula na porta para ver quem é”, diz Márcia.

Bilu é o dono do posto, ganhou até casinha. Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Há três anos Bilu, um SRD, vivia nas ruas. Certo dia parou para tomar um pouco de água no posto de gasolina São José, que fica no Portão. Os frentistas do local se encantaram e passaram a dar comida a ele. “No começo, o cãozinho parava aqui para se alimentar. Às vezes sumia, ficava uns três dias fora. Até que um dia chegou todo machucado, levamos ao médico veterinário e aproveitamos para castrar. Depois disso, não saiu mais”, conta o dono Ricardo Yoshida. Quando chegou o inverno, o cachorro ganhou uma casinha, com direito ao seu nome pintado na parede, construída em conjunto por todos os funcionários. Agora, fica por lá dia e noite e só sai quando é levado para passear. “Muita gente vem aqui para trazer comida, dar petiscos. Até ovo de páscoa ele ganhou uma vez”, conta Ricardo.

Há 16 anos, a cachorrinha Kim, que tem outros nomes também, vive pelo bairro. Foto: Walter Alves/Gazeta do Povo

Há 16 anos – desde que tinha 2 de idade –, a cachorrinha Kim perambula pelo bairro Seminário. Quando apareceu, a vizinhança se encantou, começou a alimentá-la e colocou uma casinha na calçada para que ela não tomasse chuva. Mudei para região há 10 anos e em um dia de muito frio cheguei a recolhê-la na minha casa, mas ela gostava mesmo era de ficar na rua”, conta uma das donas, Márcia Teixeira. Ela diz que a SRD se dá bem com todos e conhece exatamente cada um que cuida dela. “Toda vez que alguém diferente aparece, ela late.” Mas Kim não atende apenas por este nome. Cada dono gosta de chamá-la de uma forma : Doya, Mike, Toya, Bolinha e Kimpeva. “É impressionante como ela sempre responde, independentemente da forma como a chamam. Está acostumada”, diz Márcia.

Fonte: Gazeta do Povo

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