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E quem liga para os peixes?

1 de outubro de 2010
2 min. de leitura
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É bem mais fácil despertar a compaixão por um panda do que por um bacalhau. Os de aquário possuem um status mais elevado, mas em geral peixes são tratados como mercadoria, estoque de alimento, matéria-prima de sushi – tudo menos um animal com direitos, entre os quais a sobrevivência das espécies.

Já sei o suficiente sobre o mercado pesqueiro para me enojar pelo resto da vida. O comportamento dos países asiáticos (especialmente Japão) é de um egoísmo e de uma brutalidade que me enchem de vergonha. O comportamento predatório dos asiáticos nos oceanos é um escândalo internacional. Ou deveria ser. Encontra pouca resistência real no resto do mundo porque estamos comendo cada vez mais peixe.

O Brasil, que já se orgulha de ser um grande exportador de carne de frango e de bovinos, está brilhando também na matança de peixes. Segundo a Agência Brasil (oficial), “nos últimos oito anos, o consumo anual por pessoa cresceu quase 40%, saindo de 6,5 quilos (kg) em 2003 para 9 kg este ano”.

O ministro da Pesca e Aquicultura, Altemir Gregolin não contém a euforia: “A nossa meta para 2011 é chegar a 1,4 milhão de toneladas. Nos próximos cinco anos, temos condições de chegar a 2 milhões de toneladas”. Segundo ele, o Brasil tem potencial para matar 20 mil toneladas de peixes por ano. Nem à individualidade eles têm direito: ao contrário de bois, ovelhas e cabras, peixes são contados em toneladas.

Ainda segundo a Agência Brasil, “Os japoneses são os que mais consomem ‘frutos do mar’: nada menos que 60 kg por pessoa ao ano. Na China, o consumo per capita é de 30 kg/ano e no Chile, 12 kg/ano, a mesma quantidade que o ministro Gregolin aponta como meta para o consumo no Brasil dentro de cinco anos”.

Ou seja: nossa parte do Atlântico está cada vez mais depredado, maltratado e agora ameaçado pela futura exploração do petróleo pré-sal. Mesmo assim, vamos matar cada vez mais, pensando em matar mais no próximo ano e ainda mais no ano seguinte.

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