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Plantando árvores de passarinhos

28 de setembro de 2010
2 min. de leitura
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Escrever para crianças não é nada fácil. Penso que é bem mais difícil do que escrever para adultos. É preciso muita habilidade para prender a atenção do público infantil. Ainda mais nesses tempos de internet, onde as informações são muito rápidas e muitas coisas chamam a atenção dos pequenos, muito mais do que um livro.

É necessário também estar atento à linguagem para se fazer entender sem tratar as crianças como bobinhas. Entrar na fantasia de uma criança, por vezes, é muito difícil para alguns adultos. Por muitas vezes li e vi livros infantis com ideais boas, mas com desenvolvimento bobo e também vi ideias aparentemente simples, mas cujo autor usou de uma desenvoltura e uma intimidade com o público infantil impressionante.

Uma dessas autoras é Liana Leão. Gostaria de falar hoje sobre um livro específico da autora que chama minha atenção por sua linguagem poética e infantil sem cair na pieguice. Trata-se de Violeta em revoada, que tem também as lindas ilustrações de Nilton Bueno, editado pela editora Salesiana.

A obra trata de um sonho comum a qualquer criança: a de ter um bichinho de estimação. Violeta queria muito ter um. Qualquer um servia. Seus pais não concordavam com a ideia da filha, mas a teimosia da menina venceu e assim seu primeiro bicho foi um cachorrinho que logo teve que ir embora, pois o pai da menina era asmático. O segundo foi um gatinho que também teve o mesmo destino. Até uma tartaruga Violeta teve. Ela cuidava muito bem dela, mas um dia ela morreu com o casco partido. Os peixinhos também morreram.

Violeta ficou tão triste! Não conseguia ter nenhum bichinho. Neste momento do livro a autora descreve com muita poesia toda a tristeza da menina. Afinal quem de nós, seja criança ou adulto, nunca chorou por não poder ter ou por perder um amigo animal?

Voltando à história, a menina tenta amenizar sua tristeza observando os animais na natureza. Minhocas, formigas, lagartixas, besouros… Todos eram cuidadosamente estudados. Chama-me a atenção aqui o profundo respeito com que são tratados esses pequenos animais de jardim. Desperta na criança a consideração por todo ser vivo.

Assim decorre a história, até que Violeta encontra um beija-flor morto no quintal e o enterra no jardim, dizendo para todos que havia plantado uma árvore de passarinhos. Todos riram dela, mas, depois de algum tempo, naquele local cresceu uma árvore que atraía muitos pássaros. Todos entendem, então, que pássaros precisam ser livres para encantar nossas vidas.

Violeta em revoada é um ótimo exemplo de uma boa história, simples e direta, que trata de respeito aos animais e que ao mesmo tempo trabalha na criança, seus medos, inseguranças, conflitos com os pais sem perder a poesia em momento algum.

E viva a árvore de passarinhos!

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