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Animais, humanos e anjos

16 de abril de 2010
3 min. de leitura
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O filme sobre a vida de Chico Xavier emociona, encanta, envolve mesmo quem não tem nada a ver com o espiritismo.  Cheguei a comentar com uma amiga que a obra está acima desta ou daquela religião – é ecumênica, porque conta uma história de um homem especial, com certeza, mas também da luta que enfrenta uma pessoa que pretende viver de acordo com suas convicções. E nisso Chico é um vencedor.

Apesar desses importantes aspectos, o que me chamou especial atenção na obra foi um momento particular em que Chico fala algo sobre os animais, chamando-os de nossos irmãos menores – ou algo equivalente. Nesse momento fiz um mergulho no tempo e voltei ao momento crucial que me fez parar de comer carne, em que questionei: ‘será que os animais têm alma?’. A pergunta, tão insignificante para tantos, era de crucial importância para mim que saí em uma busca, que teve início na Bíblia Sagrada, passou por livros de reiki, material do meu estudo Rosacruz e culminou com um livro, presente de uma grande amiga espírita, Todos os animais são nossos irmãos, de Marcel Benedeti.

Na minha viagem pelo tempo durante o filme lembrei de um momento ímpar, uma entrevista especial que fiz com o mestre de yoga Hermógenes, que me disse ao ser indagado dos motivos de ser vegetariano: “Nós estamos para os animais como os anjos estão para nós. Oramos pedindo aos anjos que nos curem, nos conduzam, nos inspirem. Ficaríamos muito abalados e decepcionados se os anjos fizessem de nós bifes saborosos para comer”.

Na saída do cinema a dúvida era automática: seria Chico Xavier vegetariano? Em pesquisas na internet descobri que ele não era, como também descobri textos psicografados por ele pelo espírito Emmanuel, que no filme o acompanha por boa parte de sua história, e pelo espírito André Luiz, defendendo o vegetarianismo. Tentando obter essas informações vi depoimentos de pessoas defendendo o vegetarianismo com base nessas obras, psicografadas, e outras defendendo a alimentação com carne, com base em textos do Kardec.

Acho interessantes as pessoas que ficam buscando motivações e justificativas em outras para o que fazem ou deixam de fazer. Pelo menos até onde sei, de Kardec a Emmanuel e a grande maioria das religiões defende o livre-arbítrio: escolheu, vai assumir o que fez. Independente se esse ou aquele dizem ser certo. Depois de pesquisas e estudos, eu creio que Cristo é vegetariano – mas de que adiantaria deixar de comer carne por isso – por esse ou aquele? Importante, creio, é cada um buscar o que sente dentro de si, de fato.

Não matarás – diz o mandamento. Esse “não matarás” é dirigido somente aos homens? Ou implicará também os animais? Há quem acuse os vegetarianos de “matar” as plantas, como se um pé de alface sentisse dor quando o mordemos. Olhe para uma alface, uma cenoura, uma maçã. Como você se sente pensando em mordê-la até engolir inteira? Isso lhe incomoda a consciência? Olhe para um animal – pode ser qualquer um: coelho, porco, cachorro… Imagine-se agora mordendo-o até engoli-lo inteiro. Sente-se bem?

Essa deveria ser, a princípio, a medida de cada um.

Para os mais religiosos, um bom início é buscar resposta para a questão: “Teriam os animais alma?” Para mim é estranho pensar em comer um corpo do qual precisei tirar a alma para me alimentar. Mas para quem não se incomoda…

Seguindo a linha do grande mestre Hermógenes, eu prefiro continuar contando com a ajuda dos anjos do que virar comida deles – e, na mesma medida, tento fazer o que posso pelos animais que encontro pelo caminho, para que possamos seguir em paz: animais, humanos e anjos.

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