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Educação e boas maneiras – raridade esquecida

13 de março de 2010
4 min. de leitura
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Um programa chamado Câmera Record, da Rede Record, esteve mostrando como andam as boas maneiras do povo brasileiro.

Nós, que andamos nas ruas, já sabemos que a coisa se perdeu há muito tempo.

Um dos meus trabalhos está ligado ao direito do consumidor, e muitas vezes frequento supermercados. Neles encontramos a síndrome do não saber falar.

As pessoas não sabem pedir licença – uma das primeiras palavras que aprendemos quando vamos visitar outras culturas, por ser de extrema importância na convivência.

Simplesmente ficam estáticas, esperando as outras pessoas adivinharem que elas precisam passar com seu carrinho entulhado de produtos, ou mesmo ficam irritadíssimas se alguém não percebe (não adivinha) que a pessoa quer passar no corredor.

O pedir licença saiu de moda; o que vemos hoje são pessoas impacientes e deseducadas no que se refere a boas maneiras.
Se há uma fila no caixa, todas as pessoas ficam impacientes naquela fila, mesmo que os outros caixas estejam vazios.  Parece birra de pessoas que já estão acostumadas a viverem no mau humor e não podem abrir mão de sair do lugar em que se encontram. A única explicação para isso é a rigidez em que as pessoas se encontram no dia a dia.

No programa Câmera Record, os mesmos cidadãos que adoram reivindicar providências quando há enchentes são os que jogam lixo em todo o lugar. Os mesmos cidadãos muito bem vestidos que frequentam shoppings da cidade estacionam em locais para deficientes, na maior cara de pau.

Fonte: http://peregrinacultural.wordpress.com/

Não há constrangimento para estas pessoas; elas que se consideram patriotas em épocas de copa do mundo ou olimpíadas são as mesmas pessoas que dirigem embriagadas, sonegam impostos, roubam quando a oportunidade surge.

O muito obrigado é outra das expressões obrigatórias em todos os lugares do mundo. No Japão e em outros países é uma reverência, dado o caráter sagrado de agradecer ao outro e ao mundo. Mas é outra palavra esquecida do povo brasileiro, especialmente aqui em Porto Alegre.

A capital tem a particularidade de que, nos condomínios, as pessoas não têm o costume de se cumprimentarem.  Acredito que seja por medo de envolvimento. Só aqui acontece esse fenômeno estranho. Em outras cidades é mais raro. Logicamente há exceções e pessoas educadíssimas, mas em determinados lugares a educação é tão rara que pessoas educadas são vistas com maus olhos.

Alguns consideram homens educados como homossexuais ou interessados demais.

Se uma mulher é muito educada também pode ser vista como se estivesse “dando em cima dos homens”, e assim segue o disparate no mundo bizarro.

Não é exagero. São fatos observáveis no dia a dia.

Fonte: http://picasaweb.google.com/procristal

Alguns assuntos são indiretamente ligados por relações de causa e efeito, e as boas maneiras de uma população são um exemplo.

Como queremos um mundo melhor se não conseguimos nem respeitar as pessoas ao nosso redor? Não dá para pensar em liberdade num país que não se respeita, que não tem amor próprio ou que tem medo constante.

Há muitas incoerências entre as pessoas que se autointitulam ambientalistas, ecologistas, amantes de animais.  Já percebi que algumas dessas pessoas gritam aos quatro cantos “sustentabilidade”, mas estão envolvidas com drogas, discriminação e indiferença.

Mas há a falta de bom senso dos que não se comprometem com nada. Dos que debocham de tudo o que é sério.

O direito dos animais está indiretamente ligado às boas maneiras das pessoas. Ser educado é aguçar a percepção para o que importa. É acreditar na amizade entre as pessoas. É não ser covarde e cúmplice das misérias do mundo.

A educação não é coisa que se aprende apenas na escola. Ela vem do berço, mas pode ser aperfeiçoada com o tempo.

E o melhor que há é uma pessoa educada e refinada. Ela se destaca onde vai e deixa sua marca por onde passa. Essas pessoas encantam e conquistam. Fazem acontecer e são vitoriosas antes de tudo!

Que todos nós, veganos, ativistas, possamos dar o exemplo e inspirar o dia a dia que anda tão carente de gentilezas.

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