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Porcos felizes: Como são e do que necessitam

9 de fevereiro de 2010
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Os porcos são muitas vezes comparados a cães, por serem animais simpáticos, leais e inteligentes. Na verdade, os porcos são ainda mais inteligentes do que os cães. Se tivessem oportunidade, e se fossem bem tratados, conviveriam com gosto com os humanos, que lhes despertam tanta curiosidade. Estudos recentes de especialistas em psicologia e cognição animal mostraram que os porcos conseguem saber o que passa pela cabeça de outros porcos. Têm também grande autonomia, tomando as suas próprias decisões de modo a conseguirem alcançar os objetivos que pretendem. Animais admiráveis, os porcos sonham, reconhecem os seus nomes, gostam de ouvir música, de brincar com bolas e outros objetos e, a semelhança dos humanos, gostam muito de receber massagens.

Num ambiente natural, os porcos procuram viver em pequenos grupos liderados por porcas que se conhecem e formam amizades complexas, cuidando das suas crias dentro do grupo. Na área onde procurarão viver, os porcos terão espaços diferentes para brincar e conviver, alimentar-se, criar ninhos e descansar. Sendo por natureza animais muito asseados, os porcos gostam de preparar as suas próprias camas e ninhos e deliciam-se quando se banham na lama para se refrescarem e se manterem limpos – ao contrário do que muitas pessoas pensam, os banhos de lama são atos de higiene e bem-estar pessoal que os porcos têm, estando estes longe de serem “porcos” no sentido negativo que erradamente lhes é atribuído. Na verdade, gostam muito de tratar da higiene uns dos outros – é um dos seus traços sociais e é um sinal de afeto.

Não perdendo oportunidades para brincar – o que reflete a sua inteligência e socialibilidade –, os leitões e mesmo os porcos adultos são capazes de passar horas brincando ou simplesmente deitados ao sol. Os porcos têm a necessidade de explorar o seu  ambiente, o que tanto gostam de fazer, recorrendo grandemente ao seu nariz tão sensível, dada a sua enorme capacidade olfativa. São animais que criam laços de amizade fortes e que se protegem uns aos outros. Capazes de reconhecer entre 20 e 30 indivíduos diferentes, incluindo humanos, os porcos habitualmente cumprimentam os seus amigos por contato nariz-a-nariz ou emitindo sons de saudação. Têm uma necessidade extrema de usar  o seu nariz para contatarem outros indivíduos e para conhecerem e explorarem o seu meio. O seu nariz é uma autêntica janela para o mundo.

Nos períodos de acasalamento, os porcos machos têm uma “música de acasalamento” especial com a qual chamam e atraem as fêmeas. Há estudos que demonstram que os porcos têm vidas sociais muito organizadas e complexas que antes só se havia observado em primatas. As porcas são mães muito cuidadosas, podendo caminhar entre 5km a 10km para encontrar um espaço isolado e protegido para construírem um ninho seguro para terem as suas crias. A mãe e os seus leitões mantêm contato através de uma quantidade diversa de sons com significados diferentes e essenciais para a sua complexa comunicação. Os leitões são gradualmente cuidados pela mãe durante cerca de 17 semanas mas podem ficar com as suas mães apenas até atingirem a maturidade sexual, o que acontece entre 8 e 10 semanas. Durante a sua infância e juventude, e durante basicamente todas as suas vidas, procurarão brincar com outros porcos sempre que possam – é também algo que estimula a sua inteligência notável.

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Os porcos que vivem nas unidades pecuárias não conseguem desenvolver os seus comportamentos naturais – vivendo em espaços de cimento, sem qualquer elemento mínimo de enriquecimento, nunca lhes é dada a oportunidade de fazer o que mais basicamente necessitariam: explorar o ambiente e o solo, correr, tomar banhos de sol ou de lama ou simplesmente  respirar ar fresco.

Nas unidades pecuárias, sobretudo nas intensivas, os leitões são habitualmente separados das suas mães depois de 2 a 4 semanas de vida e são alojados com outros leitões que não conhecem. Separados muito cedo, eles chamam pelas mães com sons frequentes e distintos e, em alguns casos, parecem mesmo desistir de viver. As pequenas caudas dos leitões são amputadas para tentar prevenir a auto mutilação nas caudas ou para tentar impedir que outros leitões e adultos mordam as caudas uns dos outros – um comportamento de frustração que os porcos expostos ao stress mostram e que resultam das miseráveis condições em que são mantidos. Os leitões machos são também castrados e as extremidades dos dentes tanto dos bebês machos como das fêmeas são limadas. Não lhes são dados quaisquer analgésicos para aliviar o sofrimento em nenhuma destas amputações extremamente dolorosas.

As porcas passam a maior parte das suas vidas em celas de gestação – tão pequenas, que elas mal  conseguem se mexer . São continuamente engravidadas, até que sejam abatidas. Algumas delas que são usadas para criação e  mantidas ao ar livre, recebem argolas no nariz para impedi-las de tentarem procurar raízes (escavando na terra), o que é extremamente doloroso para estes animais com narizes tão sensíveis e que precisam tanto ter a oportunidade de explorar o solo. Uma porca mantida numa cela vazia, sem qualquer enriquecimento, com chão de cimento, tentará sempre ter o mesmo tipo de comportamento e de movimentos como se estivesse tentando construir um ninho, mesmo que esteja fisicamente impedida de o fazer e mesmo sem ter quaisquer condições para tal. Os porcos machos são mantidos solitariamente em celas para a retirada do sêmen.

Depois do sofrimento também no transporte, os porcos são mortos nos matadouros por sangria, através do corte da jugular, depois de terem sido eletrocutados para ficarem atordoados. Por causa dos ineficazes métodos de atordoamento, muitos porcos ainda estão vivos quando são atirados para dentro da água escaldante, (que serve para lhes retirar os pelos do corpo e para lhes amaciar a pele). Quando são mortos, os porcos machos ainda são pouco mais velhos do que bebês – têm apenas cerca de seis meses de idade.

Fonte: Animais Excepcionais


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