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Cadela cocker spaniel surpreende por chegar aos 20 anos

25 de janeiro de 2010
6 min. de leitura
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O amor incondicional entre o funcionário público Edmilton Vidal, 29 anos, e a cocker spaniel Fifi dura quase duas décadas. Quando a pequena cadela de pelo cor-de-caramelo entrou na vida do menino de 10 anos, nem mesmo Edmilton imaginava o quanto viria a durar a amizade. Sem ter certeza da data exata de nascimento de Fifi, ele batizou a nova amiga no dia do Natal. Em 25 de dezembro de 2009, a cadelinha completou 20 anos — tempo de vida raramente atingido por cães de porte médio. Como a idade dos cachorros representa sete vezes a do ser humano, Fifi tem pouco mais de 100 anos. Entre os itens da receita de longevidade da cocker, está o carinho do tutor.

Foto: Edilson Rodrigues
Foto: Edilson Rodrigues

Fifi é o terceiro cachorro de Edmilton. Amante de bichos desde criança, ele presenciou o atropelamento de um dos seus cães e o roubo de outro. Superado o trauma, insistiu com o pai por um novo animal de estimação. Foi quando uma amiga da família ofereceu uma cocker spaniel já com 1 ano. A antiga tutora morava em um apartamento considerado pequeno para toda a energia da cadelinha. O quintal da QI 29 do Lago Sul, onde Edmilton morava, transformou-se no lar ideal para a pequena Fifi. Ele lembra com carinho o fim de semana em que o pai chegou em casa com a cadela. Foi amor à primeira vista.

Ao longo dos últimos anos, Edmilton dedicou tempo, carinho e dinheiro a Fifi. Ainda na infância, os dois se tornaram cúmplices: como não gostava de estudar, deitava-se na rede da varanda com Fifi no colo. Quando o pai chegava em casa, a cadela latia de felicidade e, então, Ed acordava e fingia que havia estudado a tarde toda. O tutor garante que a cachorrinha tem um excelente poder de comunicação. “Um dia colocamos um portão para cercar a piscina. Quando estava com sede, ela latia para mim e corria para a piscina, pedindo para eu abrir o portãozinho. Depois que percebi, olhei o potinho de água dela e estava vazio. Ela entende as coisas”, contou.

Afeto e bom trato

Edmilton lista alguns fatores que tornaram Fifi uma cachorrinha saudável por tanto tempo: genética boa, alimentação diversificada e muito carinho. “Eu falo ‘eu te amo’ para ela todos os dias. Ela tem uma vontade de viver muito grande”, contou. Fifi come tudo do bom e do melhor: frutas, legumes, etc. O tutor garante que ela nunca teve complicações de saúde e não passou por cirurgias de risco. Além disso, a cocker sempre usou e abusou do amplo espaço para brincadeiras. “O terreno é dela”, brincou Vivian Priscila Alves Mizuno, 28, a veterinária de Fifi e amiga de Edmilton.

Foto: Edilson Rodrigues
Foto: Edilson Rodrigues

A cadelinha criou três ninhadas ao longo da vida. Contrário à comercialização de animais, Edmilton doou todos os filhotes — nove, no total. Para adotar um bichinho, a família interessada tinha de conquistar, antes de qualquer um, Edmilton. Ele até pensou em ficar com um dos filhotes da segunda ninhada. Um dia, porém, todos os cinco recém-nascidos e Fifi caíram na piscina da casa do Lago Sul. A cocker teve dificuldades de sair da água e foi socorrida às pressas pelo caseiro. Os filhotes não tiveram a mesma sorte e morreram afogados. “A partir dali, decidi dedicar todo o meu carinho apenas à Fifi”, explica. Em dias de calor, ele a deitava na escada da piscina para se refrescar. Mas, a partir do acidente, as piscinas passaram a ser cercadas.

Foto: Edilson Rodrigues
Foto: Edilson Rodrigues

O gosto de Edmilton pelo meio ambiente é herança do pai. Hoje, os dois dividem um terreno em um condomínio no Lago Sul rodeado de cerrado nativo. Fifi tem liberdade para fazer o que quiser. Mas sempre escolhe os mesmos lugares no terreno de 3 mil m²: embaixo das plantas do jardim, na garagem ou na pedra da escada da casa. Em dias frios, protege-se em um quarto vazio. Acostumado com a animação da cadela durante toda a vida, o tutor se entristece ao perceber que Fifi não tem mais aquele pique de antigamente. “Estou ficando melancólico. Olho para a sessão de animais no supermercado e bate um aperto no peito. Estou tentando me preparar para a morte dela”, admitiu.

Sinais da idade

Há quatro anos, Fifi começou a desenvolver algumas doenças. Perdeu, aos poucos, a audição. E, logo em seguida, a visão. Hoje, ela prefere não se aventurar em lugares desconhecidos. Para tê-la por perto, Edmilton tem de conquistá-la com um ossinho ou com muitos assobios e palmas. Ainda assim, ela o acompanha em todo o quintal quando ele trabalha com a obra do terreno. Obediente, não fica muito tempo dentro de casa. “Nunca a adestrei assim. Acho que nos entendemos”, resumiu.

A veterinária Vivian é amiga dos dois há 15 anos. “Eles convivem tanto que têm a personalidade parecida. Gostam tanto um do outro que ela vive no pé dele, mesmo quando a casa está cheia de visitas”, contou Vivian. Segundo ela, cachorros pequenos vivem mais de 15 anos. Mas, conforme aumenta o porte do animal, menor é a expectativa de vida. Entre as doenças mais comuns da velhice, Vivian cita o diabetes, o peso excessivo, a surdez e o câncer. Segundo ela, o câncer é o que mais mata, seguido do diabetes. “Fifi está saudável”, garante. Com o pelo curto, é possível ver apenas algumas verruguinhas na pele, consideradas normais por especialistas.

O matemático Edmilton nunca economizou cuidados com Fifi. Solteiro, cuida dela como se fosse uma filha, mesmo deixando-a no quintal durante todo o dia. Dependendo da hora em que chega em casa, ela já está dormindo. Mas, quando bate a saudade de Fifi, ele aproveita a noite para fazê-la dormir com afagos atrás da orelha. Edmilton acredita que terá outros cachorros depois que Fifi morrer. Mas ele não tem pressa. “Primeiro tenho que tentar superar a morte dela. Então, quem sabe uns dois, três anos depois, eu não pegue outro cachorro?”.

O mais velho do mundo

Segundo o Guinness — Livro dos recordes, o cão mais velho do mundo era uma dachshund chamada Chanel, de 21 anos. Ela morreu em setembro do ano passado. Os tutores contam que a morte foi por causas naturais, no subúrbio de Port Jefferson Station, em Long Island, EUA. Chanel sofria de catarata, usou óculos especiais nos últimos anos e sempre estava vestida, porque era muito sensível ao frio. Denice Shaughnessy adotou Chanel com seis semanas de vida enquanto trabalhava no exército, em Newport News, no estado da Virgínia. Chanel morou nove anos na Alemanha. Ela gostava de roubar guloseimas da cozinha e escondê-las no sofá da sala e era fanática por chocolate, segundo a tutora.

Fonte: Correio Braziliense

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