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Escolas do Rio Grande do Sul estimulam a preservação da natureza e da vida animal

8 de dezembro de 2009
5 min. de leitura
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A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP15), iniciada ontem em Copenhague, na Dinamarca, terá seus resultados julgados por uma geração mais afeita à preservação do planeta do que os adultos que atualmente debatem o futuro da Terra. Nascidas em um período que já sente os efeitos dos erros do passado, e portanto mais sensíveis ao tema, as crianças de hoje ainda se beneficiam da tendência do sistema educacional de transformar o cuidado com a natureza em lição de vida.

Longe dos holofotes de Copenhague, projetos ecológicos desenvolvidos silenciosamente por escolas de Educação Infantil e Ensino Fundamental ajudam a moldar uma geração pró-verde e aumentar a esperança em um futuro sustentável. No Rio Grande do Sul, um número crescente de estabelecimentos investe em lições de educação ambiental e reforça o papel de destaque das crianças na luta pela preservação da natureza.

Em vez de brinquedos ou doces, Rita Guedes, seis anos, pede sementes de flores no supermercado. (Imagem: Mauro Vieira/Zero Hora)
Em vez de brinquedos ou doces, Rita Guedes, seis anos, pede sementes de flores no supermercado. (Imagem: Mauro Vieira/Zero Hora)

Nesta segunda-feira (7), enquanto começavam as discussões em Copenhague, a pequena Rita Guedes, de seis anos, circulava pelo pátio verdejante de uma escola da Capital com uma borboleta pousada sobre o peito. Ali, ela recebe lições ambientais diárias que contribuem para reforçar a vocação ecológica das novas gerações. O resultado pode ser observado até no supermercado. Em vez de pedir brinquedos ou doces, Rita jamais deixa um item fora do carrinho de compras: sementes de flores.

“A última que eu plantei foi um amor-perfeito vermelho. Eu rego a flor para ficar bem bonita”, conta a ambientalista precoce.

A escola onde ela cursa o último ano de Educação Infantil, a Amigos do Verde, investe no ensino com foco no ambiente. O pátio é uma área verde de 2,5 mil metros quadrados onde vivem porquinho-da-índia, jabuti, tartarugas, galos, galinhas, codornas e periquitos – além das visitas eventuais de papagaios e sabiás. A alimentação também é controlada – o colégio produz alimentos orgânicos para consumo e, nas festas, até o brigadeiro é integral.

Além de contar com uma disciplina de agroecologia, a preservação é assunto em todas as matérias. Os alunos incorporam a filosofia.

“Um dia, vi um aluno com a boca suja de feijão. Disse para ele limpar com o guardanapo, mas ele preferiu passar a língua para não desperdiçar o papel”, surpreende-se o diretor, Frederico Carneiro Behrends.

“A questão ambiental hoje permeia o trabalho da escola, principalmente na forma de projetos temáticos desenvolvidos ao longo do ano”, observa o presidente do Sindicato dos Estabelecimentos do Ensino Privado no Estado (Sinepe/RS), Osvino Toillier.

Notas dos alunos melhoraram

O colégio Projeto, também na Capital, investe há três anos em iniciativas desse tipo. A cada ano, é escolhido um tema para nortear as discussões e o trabalho dos alunos. Depois de abordar os resíduos, em 2007, no ano passado discutiram a alimentação. Em 2009, o tema é a preservação da vida animal. O resultado dos debates e pesquisas será resumido em uma exposição em que antigas gaiolas vão virar obras de arte.

“Como também é ano de Bienal, os alunos estão preparando uma exposição para o dia 19 de dezembro”, conta a coordenadora pedagógica geral, Elizabeth Baldi.

A rede pública também vem se somando às brigadas ambientalistas. Em Cachoeirinha, a Escola Estadual Nossa Senhora de Fátima investe na reciclagem. As aulas de artes reaproveitam materiais como garrafas pet, e até as folhas de papel utilizadas em trabalhos e avaliações são armazenadas em uma sala e posteriormente vendidas para recicladores.

“O recurso é investido em novos projetos ecológicos”, ensina a vice-diretora da instituição, Stela Maris de Mello Rodrigues.

Além de ajudar o planeta, a escola deixou de sofrer atos de vandalismo, e o comportamento e a nota dos estudantes envolvidos melhoraram. Uma lição que Copenhague precisa aprender.

Siga o exemplo

Veja o que a sua escola pode fazer para proteger a natureza e aumentar a conscientização de todos:

SEPARAR O LIXO

De nada adianta falar sobre a importância de separar e reciclar o lixo se o próprio estabelecimento não conta com lixeiras específicas para lixo orgânico e seco a fim de que os alunos possam praticar o que é ensinado.

REAPROVEITAR

Garrafas plásticas, papel usado e muitos outros materiais que normalmente vão para o lixo podem ser reciclados na própria escola – utilizados em aulas de artes ou para decoração de festas e datas festivas, por exemplo.

Vale recolher papéis usados em trabalhos e avaliações e vender o material para reciclagem.

ALIMENTAÇÃO

Além de conscientizar os alunos sobre a importância de consumir alimentos saudáveis, de preferência naturais e orgânicos, a escola pode oferecer aulas práticas de culinária. Se houver um bar ou refeitório, privilegiar esse tipo de alimentação.

INTEGRAÇÃO

Mesmo que o colégio tenha uma disciplina específica dedicada à educação ambiental, é importante estimular o debate sobre a preservação da natureza em todas as matérias. A saúde do planeta diz respeito a todas as áreas da vida humana.

PROJETOS

É possível aprofundar o aprendizado ecológico mediante a realização de projetos temáticos ao longo do ano. Os alunos podem ser estimulados, por exemplo, a discutir sobre a preservação da fauna e apresentar um trabalho sobre isso ao final do período.

Fonte: Zero Hora

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