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Nossa responsabilidade sobre o cumprimento dos direitos animais

8 de dezembro de 2009
2 min. de leitura
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Por Jaqueline B. Ramos

Biologicamente falando, nós, os seres humanos, não somos nada além de grandes primatas. Guardamos com as outras quatro espécies desse grupo inúmeras semelhanças, inclusive genéticas e comportamentais. Mas não há dúvida de que em termos racionais somos mais desenvolvidos. Agora, em pleno século 21, temos que começar a arcar com as responsabilidades que toda essa racionalidade nos traz. E apoiar a Declaração Mundial dos Direitos dos Grandes Primatas é justamente entender essa posição especial que o ser humano ocupa no meio natural, ao lado de outros seres vivos.

Direito à vida, à liberdade e à não tortura. Entendemos que chimpanzés, bonobos, gorilas e orangotangos são tão merecedores da concessão desses direitos quanto os seres humanos. Não que os outros animais não mereçam respeito e que todos os abusos praticados contra eles não devam ser condenados. Mas, no caso dos grandes primatas, isso fica mais evidente devido à sua proximidade conosco. Não podemos abrir mão de cuidar dos nossos primos evolutivos e ter isso como uma bandeira de uma grande causa.

A declaração é bem clara em seus princípios. Defendemos que a vida de todos os grandes primatas deve ser protegida e que seus membros não podem ser mortos, exceto em circunstâncias estritamente definidas, como, por exemplo, legítima defesa. Que os grandes primatas não podem ser privados arbitrariamente da sua liberdade, tendo o direito de viver livres em seu hábitat e que, em cativeiro, têm o direito de viver com dignidade e serem protegidos da exploração comercial. E que a imposição deliberada de dor intensa, física ou psíquica, sem motivo ou por um suposto benefício de outros, é considerada uma tortura e é uma ofensa da qual devem ser protegidos.

Aqui no Projeto GAP (Great Ape Project) defendemos essa proposta desde seu surgimento na década de 90. Os quatro santuários afiliados ao projeto no Brasil abrigam mais de 70 chimpanzés, em sua maioria resgatados de situações de maus-tratos e condições inadequadas de vida em circos, espetáculos e zoológicos. O dia a dia nos santuários reforça a percepção que temos do grau de humanidade dos chimpanzés e demonstra o quanto a privação dos direitos propostos na declaração pode gerar sofrimento e sequelas, às vezes irreversíveis, em nossos parentes mais próximos no mundo animal. E, se isso pode ser evitado, por que não fazê-lo? Afinal de contas, como os parentes mais “espertos” deles, isso é o mínimo que devemos fazer.

Jaqueline é jornalista ambiental e Gerente de Comunicação do Projeto great ape project (GAP).

Fonte: Galileu

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