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Bar vegano em Porto Alegre: Um encontro animalista

30 de outubro de 2009
5 min. de leitura
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Um encontro de pessoas ligadas ao veganismo (e vegetarianismo) com pessoas de movimentos ambientalistas e do Teatro Mágico aconteceu ontem na cidade. Este encontro foi realizado no bar Bonobo, que fica na esquina da Castro Alves com a Felipe Camarão, aqui em Porto Alegre. É um bar vegano onde há permacultura, reciclagem, saraus e clube de leitura. Estavam presentes, entre outros, o grupo Vanguarda Abolicionista, a SVB, o Teatro Mágico e ouvintes.

Foto: Ellen Augusta Valer de Freitas
Café Bonobo alia teoria e prática do veganismo e permacultura. Foto: Ellen Augusta Valer de Freitas

A mistura desta ótima ideia com o local resultou num evento animado e bastante produtivo, onde as pessoas se conheceram, trocaram contatos e discutiram diversos temas relacionados ao meio ambiente e aos animais.

Ambiente e sofrimento animal

A crise ambiental já está bem clara em nosso planeta com a constatação de que a humanidade já passa dos 6 bilhões de habitantes. A esse fato, soma-se o impacto bastante forte de nossas atividades e o pouco compromisso da humanidade em mudar hábitos. Por mais que façamos coisas positivas em favor do ambiente, ainda estamos muito atrasados em relação a alguma mudança planetária efetiva. Estamos apenas patinando em ideias e poucas atitudes. Embora existam países em franco avanço com relação às leis ambientais, boa parte do mundo vive em constante destruição.

Por isso, ressaltei na mesa redonda deste evento que o sofrimento das espécies é a causa mais urgente a se trabalhar. A humanidade será a espécie que logicamente irá sofrer as consequências de seus próprios atos, mas a natureza, como um todo, logicamente se restabelecerá.

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Expoentes do veganismo se fizeram presentes para discutir posições. Foto: Rafael Santini.

O fato acima não é novidade na Biologia e nas ciências evolutivas. Desde milhares e milhares de anos atrás, os ecossistemas entram em colapso e em extinção, levando consigo diversas espécies únicas que nunca mais voltam a reinar sobre a Terra.

Estes ecossistemas sumiram, mas vieram outros. Mesmo observando diversos ecossistemas em nosso tempo, percebemos que, quando deixados em paz, eles voltam a se restaurar, ou se transformam em outros cenários. A humanidade pode interferir, mas existem forças naturais maiores que atuam a longo prazo.

O fator aqui e agora é o sofrimento de milhões de animais à luz do dia, debaixo de nosso nariz. Sabemos que o “ambiente”, apesar das infinitas interações que o fazem um gigantesco organismo, é uma entidade que não possui um sistema nervoso e não sofre dor.

Mas os animais que interagem nos diversos ecossistemas e fora deles, nas sociedades artificiais humanas, sofrem sistematicamente. E quanto a isto temos responsabilidade moral e também ambiental.

Mostrei também que, atuando em favor dos animais, também estamos sendo ecológicos, porque sendo veganos (aqueles que se abstêm de comer animais e seus derivados, que também não usam roupas, calçados de couro/pele e produtos que tenham sido testados em animais) estamos evitando diversos impactos sobre a natureza que esses produtos causam.

O impacto do uso de animais na natureza é gigantesco e muito maior do que diversos outros – mas as pessoas seguem acreditando que basta apagar a luz e tapar a panela para estarem fazendo sua parte, não é mesmo?

Há documentado na literatura especializada, em livros de ecologia e em diversos documentos que inclusive já podemos encontrar na web, diversas pesquisas sobre quais são os impactos que a criação de animais e seus derivados podem ocasionar no ambiente.

Então, a proposta dos grupos que se encontraram neste evento foi tentar juntar estas ideias com a vontade de ajudar o ambiente, mas sem esquecer dos indivíduos que ali estão representados, e daqueles que há muitos anos estão totalmente fora de qualquer ambiente natural: os animais de consumo.

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Ativistas, vegetarianos e interessados trocaram ideias e acompanharam os temas. Foto: Rafael Santini

Lembrou-se que o frango, por exemplo, é um animal “inventado”. Não existe na natureza. Quando alguém luta contra os transgênicos, deveria também saber como funcionam os centros de biotecnologia das grandes empresas de animais de consumo, que criam animais manipulados geneticamente, que a maioria da população desconhece, inclusive muitos dos que se dizem contra os transgênicos – como se eles fossem a única forma de manipulação genética. Existem diversos tipos de manipulação de genes em favor do ser humano, mas que muitas vezes prejudicam os animais e os ecossistemas.

Foto: Ellen Augusta de Freitas
Vegburguer, uma das especialidades da casa, compõe o menu vegano e orgânico. Foto: Ellen Augusta de Freitas

Lembramos também a força do exemplo, que é muito útil na educação e no dia a dia de quem pretende deixar uma marca positiva neste nosso mundo. Muitas pessoas querem mudar seus hábitos consumistas, prejudiciais a si mesmas e à natureza, mas não sabem a quem recorrer, não sabem o que fazer.

Nos propusemos, todos os presentes, a ser um exemplo positivo (obviamente não perfeito) para as pessoas que vêm a nós com dúvidas e perguntas sobre meio ambiente e animais.

Foto: Ellen Augusta Valer de Freitas
Na horta, uma frase inspiradora e contundente. Foto: Ellen Augusta Valer de Freitas

Também propusemos uma rede, por meio da internet, de contatos entre os grupos e interessados no tema “veganismo”. Este encontro não poderia ter sido realizado em lugar melhor que um bar que reúne veganismo, permacultura, arte e reciclagem, como um exemplo concreto de que podemos lutar pelo que acreditamos – frase escrita no muro da horta do bar.

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