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Carrocinha recolhe dois animais mortos para cada um vivo

2 de agosto de 2009
4 min. de leitura
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três cães sem raça definida na rua
Foto: do site Tribuna do Interior

A cada animal recolhido vivo pela carrocinha em Campo Mourão, outros dois são retirados mortos das vias públicas da cidade. A informação é da Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente (SEAMA), que faz o controle das atividades. “Os animais mortos, na maioria das vezes, são por atropelamento. Isso acontece porque são muitos animais soltos nas ruas, o que acaba também provocando acidentes até com riscos para as pessoas, quando envolve motociclistas”, diz o médico veterinário, Regis Canteri. 

Nesse ano, a média mensal de animais mortos entre março e junho foi de 60, enquanto os recolhidos com vida não passaram de 30. Isso acontece, segundo Canteri, porque a carrocinha faz o recolhimento seletivo de animais, ou seja, nem todos os animais soltos nas ruas são pegos e levados para o canil municipal. 

“Foi constatado que o recolhimento em forma de arrastão de animais nas ruas não resolve o problema, porque as pessoas vão continuar soltando mais animais. Agora a carrocinha só recolhe quando é solicitada pelas pessoas, ou quando os mesmos são encontrados perto de escolas, ou ainda quando alguma cadela entra no cio e causa aglomeração de vários cães na rua. Como esses cachorros ficam agressivos nessa ocasião, podendo ameaçar os pedestres, a gente recolhe apenas a cadela, para dispersar o bando”, comenta o veterinário. 

Animais feridos em acidentes também são retirados das ruas e encaminhados para tratamento, já que raramente o motorista para o veículo após o choque. A falta de compromisso das pessoas com os animais é outro fator que acaba deixando o canil superlotado e as ruas abarrotadas. “Muita gente pega o animalzinho quando filhote e acha que ele não vai crescer, não vai dar trabalho e gasto. Quando essas dificuldades começam a aparecer eles querem entregar ao canil, ou então soltam nas ruas mesmo, sem nenhum compromisso. Isso acontece muito em Campo Mourão. O canil até aceita, em determinadas ocasiões, mas a pessoa tem que deixar um cadastro no local, pois se no futuro ela aparecer novamente com outro cachorro aí não tem acordo, pois fica claro que essa pessoa não tem compromisso nenhum. Outros ainda querem entregar para a Associação Protetora dos Animais, que faz um grande trabalho voluntário, simplesmente por amor e com muitas dificuldades, pois são muitos animais e poucos recursos. O pior que é muitas pessoas ainda reclamam quando seus animais não são aceitos”, ressalta.

Doações

Segundo Canteri, a Associação Protetora dos Animais presta um grande trabalho de apoio, realizando campanhas freqüentes de doações na praça central. “Esse é um trabalho importante, pois o canil possui muitos cães saudáveis e que não precisariam estar no local, ocupando o lugar de um outro que pode estar doente nas ruas. No entanto, temos que construir um conceito de amor nas pessoas. Quem procura um cão deveria fazer isso pensando no bem que está fazendo ao tirar um animal da rua, ou que estaria ajudando a amenizar um problema. Mas infelizmente a maioria só aceita se for um cão de raça.”

Pesquisas comprovam, segundo o veterinário, que animais abandonados ou errantes têm vida curta e não contribuem para o aumento populacional. “Quando existia o serviço de captura pela carrocinha, quase 90% dos cães recolhidos em Curitiba eram semi-domiciliados, com acesso livre às ruas, sendo que apenas uma minoria era realmente composta de cães de rua”, completa.  

Campo Mourão está desenvolvendo um programa de controle populacional de cães e gatos. É um trabalho que envolve voluntários, profissionais e acadêmicos da Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente, Secretaria Municipal de Educação, Secretaria Municipal de Saúde, Curso de Medicina Veterinária do Grupo Integrado, Núcleo dos Veterinários de Campo Mourão e a Associação de Proteção dos Animais São Francisco de Assis. O programa prevê ações para esterilizações de animais, registro dos tutores e identificação de animais, promoção de feiras de adoção, educação para a guarda responsável, entre outras atividades.

A primeira etapa iniciará com palestras e trabalhos em escolas da rede municipal de ensino, para os alunos das quartas séries e alcançará mais de 1100 alunos por ano.

Fonte:Tribuna do Interior

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