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Prefeita de Sydney defende o fim da comercialização de animais em pet shops

5 de julho de 2009
4 min. de leitura
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Por Adriane R. de O. Grey  (da redação – Austrália)

Você  se choca ao ver as dezenas de milhares de animais de estimação sendo criados e comercializados para, em curto espaço de tempo, serem descartados e eutanasiados? Leia esta matéria e conheça a luta de Clover Moore, prefeita de Sydney, Austrália, para reverter esta situação no estado de New South Wales.

imagem de cães para venda

A Austrália tem o maior número de animais domésticos per capita no mundo. Paradoxalmente, somente no estado de New South Wales, mais de 50.000 cães e gatos são descartados e mortos anualmente pelos CCZs. Animais abandonados em reservas florestais não estão incluídos nesta estatística. Protetores incansáveis resgatam, abrigam e acomodam outros tantos animais em novos lares, dedicando seu próprio tempo e dinheiro para limpar a sujeira deixada pela “indústria pet”.

imagem da prefeita clover mooreA representante do distrito eleitoral de Sydney na Assembleia Legislativa de New South Wales e prefeita desta cidade, Clover Moore, propôs, em 2007, um projeto de lei em que regulamenta a criação de animais domésticos no estado e  reduz a comercialização de cães e gatos a criadores credenciados e supervisionados pelas autoridades, a abrigos, associações protetoras de animais e CCZs e a veterinários que tiverem animais a serem reencaminhados para adoção. O governo estadual respondeu a seu projeto de lei com um Código de Conduta para as Pet Shops que apresenta uma ética bem-estarista. Um boicote claro à reforma proposta por Moore: mais conforto para os animais nas lojas, mas nenhuma medida que cesse a produção em massa de filhotes e o apelo ao consumo compulsivo.

Em 14 de novembro de 2008, Moore reapresentou o projeto de lei a seus colegas na Assembleia Legislativa, seguindo sugestões de protetores e amantes de animais de todo o país. Em sua argumentação, Moore explicou que as pet shops consideram e tratam seus animais como meros produtos, estimulando seu consumo impulsivo sem prover ao comprador informações essenciais para criação adequada de cães e gatos. Qualquer pessoa pode comprar um animal doméstico, desde que portadora de cartão de crédito.

imagem de cães filhotes para vendaGrande parte dos cães e gatos comercializados pelas pets, senão todos, não é vendida castrada, o que sugere uma forte probabilidade de transformarem-se em reprodutores exponenciais de filhotes. Criadores sérios raramente vendem seus filhotes às pets, explica Moore.

Infere-se, portanto, que os animais vendidos nas lojas provêm da produção em massa dos criadouros, onde há superpopulação de cães e gatos vivendo em condições insalubres que determinam uma saúde frágil como muitos de seus compradores constatam posteriormente. Fêmeas são forçadas a procriar continuamente e, quando seu potencial reprodutivo baixa ou cessa, são assassinadas e descartadas.  

Moore ainda destaca que animais que vivem sob confinamento, sem  a possibilidade de expressarem sua natureza e de exercitarem-se fisicamente e com contato escasso com seres humanos, tendem a desenvolver problemas de comportamento. Por este motivo são eutanasiados ainda jovens, muitas vezes pela própria indústria do lucro que gera e desenvolve estes problemas. Pune-se a vítima e não o responsável por este ciclo de sofrimento hipócrita e cruel.

Outros grandes veículos que contribuem para a venda indiscriminada de animais domésticos são os classificados de jornais e a internet, acusa Moore, endossando o processo antiético que trata cães e gatos como simples mercadoria.

imagem de gatinhosAlém de banir a venda destes animais, Moore propõe em seu projeto de lei que tutores que não resgatarem animais eventualmente recolhidos pelo CCZs sejam considerados infratores, bem como aqueles que não buscarem seus cães ou gatos encontrados e encaminhados a abrigos ou associações protetoras de animais. Moore ainda requer como obrigatória uma carta informativa a potenciais compradores com descrição dos custos e dos cuidados que exige um animal doméstico.

O conceito de venda preponderante nas lojas deve ser substituído pelo de adoção proveniente dos abrigos e das associações protetoras de animais, afirma Moore, que traduz muito mais eficientemente as responsabilidades envolvidas na “posse” de um animal de estimação. Se a “indústria pet” não tem nada a esconder, ela apoiará este projeto de lei, conclama Moore.

Algumas campanhas foram desenvolvidas com o objetivo específico de aprovar este projeto de lei. São elas: Paws for Action (www.pawsforaction.com), Death Row Pets (www.deathrowpets.net) e Lead the Way (www.leadtheway.org.au). Se você também ama cães e gatos e deseja que eles sejam tratados com o respeito que merecem, acesse estes sites, informe-se, assine a petição e divulgue esta ideia no Brasil.

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