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Aposentada protege ratões-do-banhado em Porto Alegre

19 de junho de 2009
2 min. de leitura
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‘- Nenês, a mãe chegou – sorri a aposentada Diva Silva Almeida, 58 anos, em um banhado no bairro Lageado, na zona sul de Porto Alegre (RS). Ao lado da casa dela estão os “filhos”: oito ratões-do-banhado (Myocastor coypus) alimentados com muita mandioca por Diva e seu marido, Adão Amaro Vasconcelos, 67.

Faz três anos que o casal convive com os animais. Com as duas filhas já casadas e morando longe, o lugar, situado na Cooperativa Vale dos Solares, virou residência de cães, gatos, galinhas, gansos, marrecos. E ratões-do-banhado, que foram promovidos a “filhos” por Diva.

– Como eu gosto muito de animais, comecei a ter carinho por eles. E fui dando boia. Hoje sou capaz de sair na porrada, dar pau em quem tente fazer mal a eles – inflama-se a aposentada.

A raiva tem procedência. Diva já enfrentou caçadores dispostos a abater os bichos.

– Tem uns caras que não têm miolo dentro da cabeça. Dizem que a carne é boa. Eu respondo que são ratos, mas são meus filhos. Podem olhar e admirar, mas quem tocar um dedo neles vai ver. Por esses ratos eu saio no pau.


Foto: Ronaldo Bernardi

Uma vez, três homens apareceram na propriedade do casal e comentaram que “a carne é boa e eles estão bem gordos”. Imediatamente, a aposentada correu esbaforida para dentro de casa. Ia pegar o telefone para chamar a polícia. Quando voltou, o trio tinha “deitado o cabelo”.

– Na certa acharam que eu ia pegar uma arma.

Um rapaz também fugiu, há poucos dias, após demonstrar interesse na carne dos ratões gordos. Recebeu da “mãe” deles uma ameaça de denúncia às autoridades e se mandou.

Prenhe vira xodó

Quando Diva vai ao supermercado, é comum que um ou outro ratão a siga. Nesse momento, o marido tem de ir até a rua com um pedaço de mandioca e atrair o bicho de volta para casa. No retorno, a aposentada alimenta os ratões.

– Eles comem até ficar com a barriguinha cheia, e depois vão dormir.

Diva relata que uma fêmea prenhe é seu xodó, a única na qual faz carinhos. Não tem medo dos outros, mas dá preferência à fêmea porque é muito calma e espera filhotes.

– Eu não represento ameaça para eles. São meus nenês.

Não há registro de confusão entre ratos, gatos, cães, galinhas, marrecos ou qualquer outro animal da propriedade, diz a aposentada. Tudo isso graças às conversas que tem com todos, explica.

– Converso muito com eles. Digo que são nenês, que não é para fazer dodói.

A Secretaria do Meio Ambiente (Smam) salienta que animais silvestres não devem ser criados em cativeiro, nem alimentados.

– Não é aconselhável que as pessoas alimentem esse tipo de animal, porque, geralmente, fazem errado. Estando na natureza, eles mesmos procuram o que comer – explica Soraya Ribeiro, responsável pelo setor de fauna silvestre da secretaria.

Fonte: Zero Hora

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