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Adeptos da 'comida viva' investigam formas de consumir alimentos

25 de maio de 2009
3 min. de leitura
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Frutas, legumes, hortaliças e sementes germinadas dão forma aos desenhos que poderiam ser expostos em uma galeria de arte, mas, nesta mostra de design e gastronomia, as obras são oferecidas à degustação. Este, pelo menos, é um dos conceitos do trabalho da professora de design Ana Branco, que junto a um grupo de voluntários no projeto BioChip, da PUC-Rio, investiga novas formas de ingerir, com prazer, alimentos naturais crus, num a linha de alimentação alternativa chamada de comida viva.

– Quando você olha inhames, abóboras, verduras cruas, pode não ter a mínima vontade de comer – comenta Ana. – Mas, ao ver uma composição bonita, ou que a berinjela com tomate e pasta de batata baroa tomou a forma de uma panqueca, sua memória afetiva é ativada e a vontade de comer é instigada. Você passa a ingerir beleza e a sentir bem.

Germinação

Como sugere o nome, na alimentação viva, o que importa é a vitalidade dos alimentos, não só em cores, mas também em nutrientes. Tudo vem da terra e deve estar muito fresco, sem conservas e cozimentos, ou elementos de origem animal, como carne e leite. Para potencializar a energia vital dos grãos, os adeptos acreditam na germinação.

– Quando você cozinha o alimento, ele morre e perde parte dos seus nutrientes e a sua energia vital, que vêm da natureza e será ingerida pelo ser humano – acredita a professora. – A mesma perda de vitalidade acontece quando o alimento é colocado na geladeira. Já as sementes, quando germinadas têm seu potencial de energia e valor nutritivo aumentado em 20 mil vezes por estarem no auge de sua vida .

De acordo com Ana Branco, os alimentos podem ser levemente aquecidos, mas nunca acima da temperatura que o corpo suporta. Para isso, são feitas invenções como esquentar a comida em cima da tampa da panela ou no sol.

Maria Luiza Nogueira conheceu a alimentação viva após ter um problema de saúde, que resultou em uma mudança de hábitos. O gosto foi tão grande que ela fundou o Projeto Terrapia, ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que relaciona culinária viva e promoção da saúde.

Mas há nutricionistas que fazem ressalvas à comida viva. É o caso de Eric Slywitch, da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB). Ele admite que a alimentação viva tem um poder nutritivo alto pela extração de líquidos a partir de frutas e verduras e que a germinação de sementes libera componentes químicos que ajudam na prevenção do câncer. No entanto, alerta que as sementes germinadas provocam uma perda de nutrientes, como zinco e ferro. E ao retirar ovos e laticínios da dieta, é preciso ter uma alimentação muito balanceada para não ter perda de vitaminas, como a B12:

– No caso do grãos de arroz e trigo, se você germina, perde nutrientes, então, é melhor utilizar o cozimento, que só afeta consideravelmente o valor nutritivos se for muito prolongado.

Rose Nascimento, que conheceu a comida viva com o marido, confessa que é preciso organização para manter o estilo de vida.

– É um processo de transição, que requer organização e apoio. Quando você começa a ingerir esse tipo de alimento seu paladar e comportamento mudam, de modo que você passa a não querer mais as comidas de antes – diz a voluntária do Biochip. – É uma mudança de dentro para fora. Somos o que comemos.

Fonte: Jornal do Brasil

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