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Associações de proteção de animais avisam: 'Vivemos o dia a dia na corda bamba'

19 de maio de 2009
3 min. de leitura
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Efeitos da crise financeira estão ameaçando o trabalho das associações. Numa altura em que o número de animais abandonados não para de aumentar, os responsáveis queixam-se da falta de apoios estatais. A crise financeira também já chegou às associações de proteção dos animais. A falta de donativos e de material fazem parte do cotidiano atual destas instituições que, sem apoio, veem o seu prejudicado.
Com cerca de 700 animais para alimentar e cuidar, a União Zoófila Portuguesa (UZP) atravessa atualmente graves problemas econômicos. Luísa Barroso, presidente da instituição, diz que “a situação chegou a este ponto porque muito poucos sócios pagam as quotas, por isso, se não entra dinheiro em caixa, a situação fica difícil. E como nós não temos ajudas rigorosamente de absolutamente ninguém, a não ser de sócios e de doações particulares, não vamos para a frente”, alerta.
Sem receber qualquer ajuda do Estado, a instituição sobrevive das quotas dos sócios (25 euros por ano) e de donativos. Contudo, “em comparação ao ano passado, nesta mesma época, entraram cerca de 52% menos de donativos em doações de materiais e verbas líquidas em dinheiro”, afirma a responsável. Por isso mesmo, Luísa Barroso apela aos sócios que não tem as doações em dia para que o façam “o mais rápido possível, para que a instituição possa resolver os seus problemas”.
A verdade, é que os problemas tendem a se agravar.Todas as semanas, os animais acolhidos pela UZP comem cerca de uma tonelada em ração. Para além do dinheiro para a alimentação, são também necessárias verbas para medicamentos. “A maior parte dos animais vem doentes ou seriamente feridos, por isso precisam de tratamento imediato, de serem internados e de cuidados intensivos e isso dificulta tudo”, diz Luísa Barroso. “Vivemos o dia-a-dia como se fosse na corda bamba, nunca sabemos muito bem como vai ser no dia a seguir”, assume.
“A União Zoófila é uma coisa que não dá assim muito protagonismo. Não dá dinheiro, os animais não produzem petróleo, não é uma coisa que interesse muito. São animais, vadios, errantes, velhos, alguns feiosos. Por isso é uma coisa assim que não tem muito prestígio”, aponta a responsável.
Animais “arrumados na prateleira”
As dificuldades alastram-se a outros organismos como a Associação dos Amigos dos Animais do Porto (AAAP), uma instituição sem fins lucrativos que tem por missão a defesa e protecção de animais. Laura Ferreira, responsável da AAAP, confirma os efeitos da crise. “Hoje as pessoas estão a comprar muita menos comida de marca, comida nos supermercados. Voltaram a dar aos animais as patas, os pescoços e os fígados que são mais baratos”, afirma.
Os sócios não conseguem pagar as quotas e os donativos são inexistentes. Com a crise, os animais acabam por ser “arrumados na prateleira” e o seu bem-estar nem sempre é garantido. “Basta a pessoa ter um animal doente e não o pode tratar. As pessoas não tem dinheiro. Não podem tratar um animal a olho, por apalpação, é impossível”, afirma Laura.
Laura Ferreira confirma o aumento de casos de negligência no tratamento aos animais. “Há muitos animais maltratados dentro de casa dos donos, sem comer, sem água, fechados em marquises, fechados em terraços, uma coisa horrível”, alerta Laura Ferreira, da UZP.
“A falta de apoios não se deve apenas à crise, mas também ao fato das pessoas serem bastante egoístas e materialistas”, desabafa a presidente da União Zoófila.
Fonte: Jornalismo Porto Net

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