EnglishEspañolPortuguês

Público-alvo: vegano

23 de abril de 2009
5 min. de leitura
A-
A+

“Ah criadorzinho de vacas que destróis uma floresta secular para plantar soja ou para criar rebanhos! É sintomático que em teu país haja mais vacas que gente. E que tua nação seja um imenso e cruel matadouro. Tu que acreditas piamente num céu após a morte, podes estar certo de que quando chegares lá darás de cara com milhões de vacas, em fila, todas esperando avidamente para enfiar-te os cornos no rabo.”(Ezio Flávio Bazzo em Manifesto Aberto
à Estupidez Humana, 1977/78)

 

Nos supermercados as embalagens de carnes e seus derivados costumam ter desenhos gentis de vaquinhas e porquinhos amáveis e dóceis, ao lado um coração mostrando o quanto é um ato de “amor” consumir tal produto. As mães colocam as caixinhas de leite com as queridas vaquinhas sorridentes, os filhinhos ao lado do carrinho observando os produtos nas gôndolas, achando engraçadinha a galinha feliz, pouco sabendo que provavelmente passará a vida desconhecendo a realidade que o circunda.

Agora temos os selos “eco”, que dão aquele alívio na consciência de alguns, embora, se fôssemos refletir em profundidade, carne orgânica ainda é imoral.

Esse é o cenário que temos presenciado há muito tempo:  um público que não sabe que aquela vaquinha é na verdade uma escrava, pois tem que dar o seu leite e para tal precisa estar constantemente grávida (pois só assim fêmeas produzem leite – para seus filhos) e que o porquinho tem uma vida miserável e uma morte não menos. Mas, de certo modo, não é maldade do anunciante esse tipo de visão. Na verdade coloca-se no mercado o que o público consome e o inverso também é verdadeiro. Fazem-se a cada dia mais produtos, inventam-se necessidades e o público as acolhe com muito boa vontade. Enquanto houver consumidor, esses produtos estarão por aí, as criações de gado em áreas de reservas, os matadouros clandestinos ou não, a grande demanda por esses [alimentos] cresce a cada dia.

Existe porém, um novo mercado que é o destinado ao público vegano.

Algumas empresas já acordaram há algum tempo para esta realidade fabricando produtos não testados em animais, livres de substâncias de origem animal e anunciando em suas embalagens suas iniciativas. Muitas empresas já produzem sabonetes 100% vegetais e as que já eram conhecidas no mercado, estampam em suas embalagens a composição. Isto é um grande avanço, em parte graças aos próprios ativistas que escrevem para os SACs incentivando as empresas, mostrando que temos aí um grande público que cresce a cada dia mais.

Os veganos têm contribuído para que empresas tirem substâncias de origem animal de suas composições e substituam por outras de origem vegetal.

Um exemplo disto é a Cochonilha (nome popular de inseto de várias espécies, entre elas o Dactylopius coccus) da Ordem Hemiptera, que é usado como corante natural. Em média, 70.000 insetos precisam ser mortos para produzir cerca de 450 gramas desse corante vermelho. Há empresas que já substituíram tal corante por outros como o urucum, por exemplo, que é de origem vegetal.

Todas essas atitudes são resultado do ativismo, pois os veganos mostram ao escrever para as empresas que existem e que são um mercado em expansão.

A cada pessoa que escreve para um SAC, afirmando que possui convicções filosóficas, que se preocupa com os animais, ou sugerindo que entre os 100 produtos que contenham carne, possa haver um que seja sem nenhum componente de origem animal, as empresas vão mudando seu foco de ação e hoje temos milhares de marcas de leite de soja, opções diversas que em tempos atrás não teríamos.

Há quem diga que não devemos comprar de empresas que, mesmo produzindo produtos de origem animal, tenham alternativas para veganos. Na verdade, para o mercado mudar de fato é preciso que se consuma outro tipo de produtos. Se não compramos produtos deles, simplesmente param de fabricar e continuarão a vender o que o mercado mais consome: produtos de origem animal. Mas, se começarmos a consumir regularmente as “salsichas veganas” os produtos “alternativos”, há grandes chances de eles entrarem no mercado de vez ou mesmo substituírem os produtos antigos. Assim ocorreu quando as empresas de óleo de soja começaram a surgir, as pessoas só sabiam usar banha de porco, mas aos poucos foram substituindo até que hoje é muito comum usar o óleo de soja e de outros vegetais.

Portanto, usemos os SACs para agradecer a cada rótulo em que encontrarmos as frases:  “não testado em animais”, “livre de produtos de origem animal” ou “adote um animal carente” – são o que mais queremos ler numa embalagem e é importante fazer-se conhecer pelas empresas.

Informe-se sobre os produtos testados em animais e procure os não testados, mas com atenção, pois existe muita contrainformação por aí. O ideal é buscar informação em locais confiáveis e escrever para os SACs de cada empresa. Muitas empresas não respondem ou são grosseiras, mas isto faz parte do mercado e elas terão suas consequências – não compraremos seus produtos. Precisamos nos valorizar e contribuir para que o mercado seja mais preocupado com os animais.

Para mais informações sobre produtos e direitos do consumidor:

http://www.proteste.org.br

http://www.guiavegano.com.br

http://www.svb.org.br

http://www.provegan.com.br

http://sacvegano.com.br/

Você viu?

Ir para o topo