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Os gatos na Idade Média

20 de março de 2009
5 min. de leitura
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A Idade Média teve início, na Europa, com as invasões bárbaras (germânicas), no século V, sobre o Império Romano do Ocidente, e com a desintegração deste, em 476 d.C. (século V). Essa época estende-se até o século XV (1453 d.C.),  com a queda de Constantinopla – quando houve  uma retomada comercial e o renascimento urbano.
A Idade Média caracteriza-se pela economia ruralizada, enfraquecimento comercial, supremacia da Igreja Católica, sistema de produção feudal e sociedade hierarquizada.
Atualmente, a História Medieval é dividida em quatro períodos:
1) Primeira Idade Média (séc. IV ao VIII): Teve início com o fim do Império Romano do Ocidente e foi caracterizada pelas invasões “bárbaras”, pela ruralização e pela fragmentação do poder. Foi nesse período que o cristianismo tornou-se a religião oficial;
2) Alta Idade Média (séc. VIII ao X): Neste período houve um esforço considerável de centralização política por Carlos Magno (Império Carolíngio);
3) Idade Média Central (séc. XI ao XIII): O modo de produção deste período foi o feudalismo. Houve crescimento econômico e populacional e também o aparecimento de cidades e feiras. Foi o período das cruzadas e das construções de catedrais no estilo gótico;
4) Baixa Idade Média (séc. XIV ao XV): Período da peste negra e da Guerra dos Cem Anos. Termina o período medieval com o fim do Império Romano do Oriente, em 1453 d.C., com a queda de Constantinopla.
A Idade Média foi, de modo geral, hostil aos gatos, que eram associados às feiticeiras e feitiçarias e considerados criaturas diabólicas. Nesta época nasceu a maioria das superstições, das quais algumas chegaram até nossos dias.  O que aconteceu com os gatos, que eram adorados no Antigo Egito, para passarem a ser execrados na Era Medieval?
No Antigo Egito, em torno de 4 mil a.C., os egípcios domesticaram  gatos, que  foram usados para o controle de pragas em seus estoques de grãos. Ficaram tão impressionados com as qualidades de caçador dos gatos, que passaram a considerá-los sagrados. A deusa Bastet, deusa da fertilidade e felicidade, era representada como uma mulher com cabeça de gato.
Do Egito, os gatos foram levados para a Itália: na Roma Antiga, já eram considerados símbolos da liberdade, e qualquer representação da deusa da Liberdade apresentava um gato repousando a seus pés. Da Itália espalharam-se pelo restante da Europa.
A ligação dos gatos com os cultos pagãos desencadeou uma campanha da Igreja Católica contra eles.
Nos mitos escandinavos, que originaram muitas das crenças pagãs, a carruagem de Freyja, deusa do amor e da cura, era puxada por gatos.
A deusa guardava em seu jardim as maçãs com as quais se alimentavam os deuses no Valhalla, e sua iconografia é representada por gatos puxando sua carruagem, acabando por haver a associação entre o animal e a própria divindade. O culto a Freyja foi considerado heresia e os membros desta seita severamente punidos com tortura e morte. Como os gatos faziam parte do culto, foram acusados de serem demoníacos, principalmente os pretos.
Na Europa o dia de Todos os Santos, data importantíssima para a Velha Religião (pagã), era comemorado, pelos cristãos, jogando na fogueira sacos cheios de gatos vivos. Os supersticiosos acreditavam que as bruxas podiam transformar-se em gatos, os quais eram então queimados vivos pelos cristãos, que os consideravam agentes do mal. Se alguém fosse visto alimentado ou ajudando um gato, era denunciado como bruxa e era torturado e morto. As pessoas acusadas de bruxaria e seus gatos eram responsabilizados por qualquer catástrofe que acontecesse: tempestades, falta de chuvas, má colheita, doenças, mortes súbitas etc. A partir disso, o gato converteu-se em bode expiatório para as tentativas de “purificação” da Igreja Católica, ou seja, a eliminação de todo e qualquer vestígio do paganismo (ou Velha Religião). Essa perseguição gerou várias superstições, como a que cruzar com um gato preto “dá azar”, que o gato é o olho do diabo etc.
Essa prática de queimar gatos acabou por estender-se a qualquer tipo de comemoração, o que  quase dizimou  a população felina e, consequentemente, favoreceu a multiplicação de ratos, praga que portava um mal infinitamente superior aos “demoníacos” gatos: a peste bubônica ou peste negra. A peste disseminou-se por toda a Europa.
A peste bubônica, em meados do século XIV, devastou a população europeia. Historiadores calculam que aproximadamente um terço dos habitantes morreram dessa doença. A peste negra era transmitida através da picada de pulgas de ratos doentes. Esses ratos chegavam à Europa nos porões dos navios vindos do Oriente. E não havia mais gatos, predadores naturais dos ratos. Além disso, as cidades medievais não tinham condições higiênicas adequadas, e os ratos espalharam-se facilmente. Após o contato com a doença, a pessoa tinha poucos dias de vida. Febre, mal-estar e bulbos (bolhas) de sangue e pus se espalhavam pelo corpo do doente, principalmente nas axilas e virilhas. Como os conhecimentos médicos eram pouco desenvolvidos, a morte era certa.
No ano de 1400 os gatos estavam a ponto de desaparecer da Europa. Recobram-se a partir do século XVII, principalmente por sua habilidade em caçar os ratos, causadores de perdas significativas nas lavouras e propagadores de doenças temíveis para o homem, sendo aceitos, novamente, nas casas e nos navios, para acabarem com os roedores.
A partir do século XIX, o gato voltou a ser exaltado – até por escritores como Victor Hugo e Baudelaire.
Atualmente, os gatos são considerados pets ideais, tanto para apartamentos como casas; não são ruidosos, não precisam ser levados para passear, comem pouco, são extremamente limpos, agradáveis e afáveis, sendo muito companheiros e fiéis a seus donos.

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